Início do conteúdo

17/03/2009

Dissertação descreve espécie de molusco que só havia sido registrada no Equador

Edson Junior


A dissertação da bióloga Tatiana Maria Teodoro, que fez mestrado da Fiocruz Minas, registrou em dois estados brasileiros a ocorrência de mais uma espécie de molusco do gênero Biomphalaria, capaz de transmitir Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose. Até então, haviam sido registradas no Brasil dez espécies e uma subespécie, das quais três são hospedeiras intermediárias do S. mansoni. A autora atua no Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica (LHMM). O trabalho, intitulado Investigação da ocorrência de Biomphalaria cousini no Brasil e suscetibilidade ao Schistosoma mansoni, foi defendido em fevereiro e teve duração de dois anos. “Tínhamos o DNA necessário à pesquisa em acervo, e os moluscos vivos utilizados faziam parte do moluscário da instituição”, conta Tatiana.


 Tatiana diz que o próximo passo é dar continuidade à pesquisa em sua tese de doutorado, cruzando a espécie de molusco com outras do gênero

Tatiana diz que o próximo passo é dar continuidade à pesquisa em sua tese de doutorado, cruzando a espécie de molusco com outras do gênero


De acordo com a autora, a espécie estudada havia sido registrada pelo pesquisador Lobato Paraense, somente no Equador. A pesquisa de Tatiana detectou pela primeira vez a ocorrência da espécie no Brasil, no Amazonas e no Mato Grosso. Sobre a possibilidade do molusco ser transmissor do S. mansoni, Tatiana explica que experimentos de suscetibilidade, foram feitos no LHMM e a espécie demonstrou alta taxa de infecção. “Ela nunca foi encontrada naturalmente infectada, mas em laboratório mostrou-se suscetível, sendo uma hospedeira em potencial".


A pesquisadora Roberta Lima Caldeira, orientadora da dissertação, acrescenta que “na literatura especializada não havia informação quanto ao status de suscetibilidade desta espécie, sendo este trabalho uma importante contribuição epidemiológica”. Omar dos Santos Carvalho, co-orientador da pesquisa e chefe do LHMM, diz que “o fato é importante não só para especialistas mas também para os serviços de saúde . É, antes de tudo, um alerta que a Fiocruz faz aos serviços de saúde, de que é preciso ficar atento a esta descoberta”.


Tatiana diz que o próximo passo é dar continuidade à pesquisa em sua tese de doutorado, cruzando a espécie de molusco com outras do gênero. “Na dissertação nós percebemos que a espécie se cruza com a Biomphalaria amazonica, gerando híbridos. Um dos objetivos é verificar a viabilidade desses híbridos, se eles vão se propagar na natureza ou não”. Segundo ela, é muito importante a correta identificação do molusco, uma vez que ele está presente em dois estados e pode ser hospedeiro intermediário de S. mansoni.


Publicado em 13/3/2009.

Voltar ao topo Voltar