Agência Fiocruz de Notícias

Pensando na ampliação do uso de recursos destinados a coletas de dados espaciais por meio do compartilhamento dos mesmos, Felipe dos Santos Costa, tecnologista júnior da Seção de Informática da Fiocruz Amazônia, desenvolveu a dissertação de mestrado Uso de web services e software livre na disseminação de informações georreferenciadas sobre produtos da Floresta Amazônica, cujo objetivo foi elaborar uma infraestrutura de dados espaciais (IDE), por meio de um ambiente de compartilhamento e utilização de dados georreferenciados, baseado na tecnologia de web services, metadados e de interfaces de fácil acesso. O estudo teve o apoio do Programa Jovem Pesquisador Amazônida (JPA) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).

Desenvolvida para a obtenção do grau de mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Computação, com ênfase em geomática, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a dissertação foi baseada em um estudo de caso sobre o projeto Valorização de Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNM), desenvolvido no Siglab, laboratório de geoprocessamento do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) por Sylvain JM Desmoulière, que usa os dados de inventários florestais do Radam, um projeto do governo brasileiro que mapeou recursos naturais e aspectos geográficos da região na década de 70, e de entidades governamentais tais como Ministério do Meio Ambiente (MMA), Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados estes de acesso restrito a algumas entidades, devido à ausência da cultura de compartilhamento das informações como forma de contribuir para o desenvolvimento da região.

Segundo Costa, a dissertação propõe a  criação de uma IDE com foco na distribuição de dados georreferenciados pela internet através do uso de algumas ferramentas baseadas nos padrões web services do Open Geospatial Consortium (OGC) e pelo World Wide Web Consortium (W3C), usando apenas softwares livres, que são aplicativos de código aberto. Esta infraestrutura  permite a descoberta, o uso, a análise e a distribuição de dados georreferenciados, cujo acesso se dá com a utilização de vários softwares clientes, dentre eles o GvSig, Quantum Gis e Google Earth. Para isso, Costa agregou em seu estudo toda a estrutura tecnológica baseada em web services  e no uso de software livre, que permitiu demonstrar a possibilidade de criação de um ambiente de compartilhamento de dados entre institutos de pesquisas, ONGs, secretarias estaduais e municipais e sociedade em geral, além de possibilitar a geração de novos dados, mantê-los, difundi-los e beneficiá-los.

“Após a avaliação de várias ferramentas e estudos de caso, testes e implantação dos softwares disponíveis, é possível dizer que é totalmente viável o uso da web para disseminar dados georreferenciados, seja por meio de mapas temáticos e dinâmicos em sites ou por uso direto dos dados usando web services  OGC”, explicou Costa. Segundo ele, algumas das vantagens da escolha por softwares livres foram a qualidade, o atendimento aos padrões internacionais de intercâmbio de dados e metadados e o custo zero na aquisição de licenças.

Segundo o autor da dissertação, este é um trabalho que pode ser utilizado como ponto de partida para implantação de IDE pelas diversas instituições, principalmente da Amazônia onde o compartilhamento de dados georreferenciados faz-se necessário para solucionar os mais diversos problemas da região, como a preservação do meio ambiente e os impactos do aquecimento global. Ainda este ano, esta dissertação contribuirá para a implantação do Núcleo de Geomática na Fiocruz Amazônia, que servirá como uma plataforma de serviços para os projetos de pesquisa, oferecendo apoio técnico na área de geoprocessamento, disponibilizando informações (métodos e mapas digitais) e criando novas oportunidades de pesquisas e/ou agregando um item espacial nos projetos já existentes na Fiocruz Amazônia.

Publicado em 27/5/2009.