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20/05/2008

Do basquete à virologia

Fernanda Marques


Nos anos 50, durante a graduação em medicina veterinária na então Universidade Rural do Rio de Janeiro (hoje federal), Hermann Schatzmayr já demonstrava seu interesse pela carreira acadêmica: freqüentou o laboratório do então Instituto de Biologia Animal (IBA) e foi monitor da cadeira de microbiologia. Porém, ao longo do curso, Hermann tinha um outro compromisso menos acadêmico: os jogos do time universitário de basquete.


 Fã de basquete, Hermann é o segundo, da esquerda para a direita, na fileira de trás

Fã de basquete, Hermann é o segundo, da esquerda para a direita, na fileira de trás


De fato, o pesquisador já tinha sido fisgado pelo esporte antes de ingressar na faculdade: integrara a equipe juvenil de basquete do Flamengo. “Tenho orgulho porque vesti a camisa rubro-negra. Isso foi em 1953, mas, naquele ano, o time não estava bom”, brinca. O gosto pelo basquete surgiu em 1948, enquanto acompanhava as notícias da Olimpíada de Londres – nossa equipe masculina de basquete conquistaria um bronze, a primeira medalha brasileira em esportes coletivos na história dos Jogos.


Ainda no Colégio São José, na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio onde morou, Hermann foi campeão de futebol de botão. E o virologista garante que continua em plena forma na modalidade. “Até hoje, de vez em quando, dou uma surra no meu neto e no meu genro”, afirma o virologista, que também já praticou tênis.


No entanto, o hobby predileto atualmente não é o tênis, o futebol de botão nem o basquete, mas sim a casa de Petrópolis. O destino de Hermann e sua esposa nos fins de semana é, quase sempre, a cidade da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, onde o casal cultiva diversas amizades. “E mais: lá não tem mosquito; tenho horror de mosquito”, conta o pesquisador, consagrado por suas pesquisas sobre o vírus do dengue. “Se um dia eu deixar de trabalhar, meu plano é me mudar para Petrópolis. Vou imitar Oswaldo Cruz”, revela com bom humor.


Ao carinho por Petrópolis, soma-se a relação especial que Hermann tem com a música, sobretudo a clássica. “Minha mãe tocava bandolim muito bem. Em seu tempo de solteira, ela era sempre requisitada para festas e reuniões, e chegou a se apresentar como amadora em rádios da época”, diz o virologista, que lamenta não saber tocar nenhum instrumento.

No período em que estudou em Viena, no início dos anos 60, Hermann foi a muitos concertos musicais, na companhia de um primo que vivia na capital austríaca. “Chegamos a assistir, na Ópera de Viena, o ciclo dos Anéis de Nibelungo, de Wagner, que são três longas óperas, mas em pé. Como estudantes, era proibido sentar”, lembra o virologista, que aponta Vivaldi, Mozart e Bach como seus compositores preferidos. “Já visitei o túmulo de Bach, na Alemanha, e me emocionei muito”.


Línguas são outra paixão de Hermann, que está sempre lendo livros em alemão, espanhol, italiano e francês, além, é claro, do português. “Fiz uma incursão na língua russa, mas ainda não foi o suficiente para textos literários”, comenta.

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