06/12/2018
O documentário Rey, ciência em defesa da vida, que narra a trajetória do parasitologista Luis Rey, é um dos concorrentes ao Troféu Batoque na quarta edição do Arquivo em Cartaz – Festival Internacional de Cinema de Arquivo na categoria média-metragem. O festival é uma iniciativa do Arquivo Nacional com o objetivo de destacar a importância da preservação dos acervos cinematográficos e incentivar o uso desses arquivos em produções audiovisuais. A exibição do documentário, aberta ao público e gratuita, será realizada no dia 14 de dezembro às 16h, no pátio do Arquivo Nacional (Praça da República, 173, Centro, Rio de Janeiro). A mostra competitiva reúne produções do Brasil, Portugal, França e Estados Unidos.
Lançado em março de 2018, por ocasião do centenário de nascimento do cientista, o filme foi produzido pelo Serviço de Jornalismo e Comunicação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), com o apoio da VideoSaúde Distribuidora, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). A obra é resultado de mais de dois anos de pesquisas e entrevistas realizadas pelos diretores Marina Saraiva, do Serviço de Jornalismo e Comunicação (Sejor) do IOC, e Wagner de Oliveira, da VideoSaúde/Icict. As imagens são do cinegrafista e editor Josué Damacena, também do Sejor.
Assista ao documentário na íntegra:
Em cena, um militante da saúde pública
Ainda estudante de Medicina, Luis Rey se apaixonou pelo estudo e enfrentamento das doenças da pobreza. A carreira de cientista e professor foi marcada pela preocupação com as determinações sociais da saúde. Rey foi cassado pela ditadura por sua militância pelo Partido Comunista e, no exílio, ganhou projeção internacional ao promover, a serviço da Organização Mundial da Saúde (OMS), o controle da esquistossomose na Tunísia. De volta ao Brasil, dedicou-se até o fim da carreira à Fiocruz. Convidado inicialmente para assumir a chefia do Departamento de Helmintologia do IOC/Fiocruz, Rey criou e liderou até 2005 o Laboratório de Biologia e Controle da Esquistossomose (hoje chamado de Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios). Atuou ainda no Departamento de Medicina Tropical do IOC e aceitou o convite do sanitarista Sérgio Arouca, então presidente da Fiocruz, para dirigir o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
O filme revela a última entrevista concedida pelo cientista, aos 98 anos, pouco antes de seu falecimento em 5 de março de 2016. E conta ainda com os depoimentos de Luis Rey colhidos pelos pesquisadores do projeto de História Oral da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), em junho de 2002. O perfil do renomado parasitologista é traçado também com os depoimentos de colegas, discípulos, da filha caçula, Clara Rey e do diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS, Dirk Engels. A família do cientista permitiu o acesso ao acervo de documentos e objetos. Fotógrafo talentoso, Luis Rey deixou um rico acervo de imagens que contribuíram para a produção do documentário. Os diretores empreenderam ainda uma busca pelos documentos referentes a Luis Rey nos arquivos da ditadura militar, do então Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops) de São Paulo, mantido pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Para conhecer mais sobre a vida e obra de Luis Rey:
:: Homenagem ao centenário de nascimento do cientista
:: Seu depoimento pelos 110 anos do IOC e da Fiocruz
:: Matéria especial sobre seus 95 anos de missões cumpridas
:: Reportagem sobre o dia em que a Ciência se despediu do mestre