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09/02/2011

Doença da folha verde do tabaco é relatada pela primeira vez no Brasil

Renata Moehlecke


Em estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores relataram pela primeira vez a ocorrência  da doença da folha verde do tabaco no Brasil. A enfermidade é caracterizada por uma intoxicação aguda de nicotina decorrente da absorção dérmica da substância a partir da folha da tabaco, comumente contraída por agricultores que trabalham no cultivo da planta. O registro foi realizado no Nordeste e os principais sinais e sintomas observados foram tontura, fraqueza, vômito, náusea e cefaleia.


 O estudo chama atenção para a necessidade de se criar uma alternativa econômica viável para as famílias que cultivam o tabaco, já que essa atividade é perigosa para a saúde desses trabalhadores

O estudo chama atenção para a necessidade de se criar uma alternativa econômica viável para as famílias que cultivam o tabaco, já que essa atividade é perigosa para a saúde desses trabalhadores


"A incidência e prevalência da doença da folha verde do tabaco tem sido descrita nos Estados Unidos, Índia, Japão, Malásia e Itália. A situação não tem sido reportada em nenhum país na América Latina ou no Brasil, que é o segundo maior produtor de tabaco no mundo, com mais de 190 mil famílias envolvidas em seu cultivo", explicam os pesquisadores. A pesquisa, que envolveu trabalhadores de 11 municípios da região de Arapiraca, em Alagoas, identificou 107 casos da doença.


O diagnóstico foi baseado em uma tríade de fatores: histórico de exposição ao cultivo de tabaco, análise clínica e verificação do nível de nicotina na saliva, sangue ou urina. Os resultados apontaram que em 77% dos casos os trabalhadores nunca foram fumantes. Somente 12% dos pacientes afirmaram fumar regularmente. "Foram associados ao adoecimento ser do sexo masculino, ser não-fumante e ter trabalhado na fase da colheita do tabaco", acrescentam os estudiosos. No entanto, eles também indicam que lidar apenas com a folha seca da planta se mostrou um fator de proteção contra a doença.


"Estudos adicionais em outras áreas de cultivo de tabaco serão importantes para um melhor entendimento dos fatores de risco da doença e para a identificação de medidas preventivas adequadas para intervenções efetivas", comentam os pesquisadores. "O estudo também chama atenção para a necessidade de incluir na agenda de saúde pública uma alternativa economica e sustantavelmente viável para as famílias que cultivam o tabaco, já que essa atividade é perigosa para a saúde desses trabalhadores".


Publicado em 3/2/2011.

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