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24/01/2008

Dos genes às proteínas

Catarina Chagas e Fernanda Marques


Após o boom dos seqüenciamentos do DNA de organismos, cientistas não tardaram a abraçar o desafio de interpretar o significado dos códigos genéticos. Foi o caso do grupo do bioquímico Salvatore Giovanni de Simone, coordenador do Laboratório de Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do IOC. A equipe buscou em bancos de dados internacionais todas as seqüências de DNA que contêm as informações para a síntese de um proteína de cavalo denominada imunoglobulina G (IgG).


Essa molécula eqüina é usada na fabricação de soros anti-rábico, antiofídico e antitetânico. Sabe-se, entretanto, que indivíduos que já receberam esses soros podem, ao tomá-los novamente, apresentar reação anafilática, uma resposta alérgica imediata e grave. Isso acontece porque o organismo humano reconhece a proteína do cavalo como um agente estranho e, para destruí-la, produz moléculas que se ligam a ela, chamadas anti-IgG. Se a resposta ao agente estranho é exagerada, ocorre o choque anafilático.


“A partir do código genético do cavalo, produzimos mais de cem pedaços de proteínas que formam a IgG”, explica Salvatore. Com uma técnica trazida da Alemanha para o laboratório da Fiocruz, os pesquisadores sintetizaram esses fragmentos protéicos em uma superfície sólida sobre a qual colocaram uma mistura de moléculas anti-IgG humanas. Nos locais onde estas se ligaram à superfície sólida, foram identificadas as partes da proteína eqüina que devem ser responsáveis pela reação anafilática. “Sabendo quais são esses fragmentos, podemos, por engenharia genética, eliminá-los dos soros e evitar reações adversas”, conclui o cientista.

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