Início do conteúdo

15/05/2012

Edição de maio da revista 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz' está disponível

Isadora Marinho


A edição de maio da revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz está disponível online gratuitamente. Neste mês, a publicação apresenta dados sobre a eficiência de diferentes tratamentos na redução do DNA do vírus da hepatite B na população brasileira, além de uma investigação que identificou outros vetores da malária na Guiana Francesa e estudo que revelou uma outra espécie hospedeira da variante viral JABV do hantavírus no Brasil. Outros destaques da edição são o mapa de distribuição de borrachudos no Cerrado brasileiro e os resultados do teste em campo realizado com uma armadilha para mosquitos transmissores da dengue. Para acessar gratuitamente o periódico, clique aqui.



Resistência do vírus HBV na população brasileira


No Brasil, há poucos estudos sobre a resistência do vírus da Hepatite B (HBV) aos Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa (INTR) e sobre a freqüência com que a mutação ocorre em cada genótipo do vírus. Por isso, pesquisadores do Laboratório de Virologia Molecular, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (LACEN), no Rio de Janeiro, acompanharam 129 pacientes e descobriram que, dos pacientes tratados com monoterapia de lamivudina, 47% estavam infectados com vírus que apresentavam mutações de resistência. Estas mutações foram mais frequentes no genótipo A do HBV (59%), seguido pelos de genótipo D (30%) e F (9%). Pesquisadores constataram, ainda, que os pacientes tratados com monoterapia de lamivudina mantiveram a carga viral cerca de três ou quatro vezes maior do que os tratados com monoterapia de entecavir (ETV), tenofovir (TDF) ou de lamivudina combinada com outros antivirais.


Vetores da malária até então desconhecidos


O mosquito Anopheles darlingi é considerado o principal vetor da malária nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul e Central. Na Guiana Francesa, é tido como o único transmissor da doença. Com a suspeita de que outras espécies poderiam, também, estar infectadas com o protozoário causador da malária, pesquisadores da Unidade Médica de Entomologia do Instituto Pasteur da Guiana Francesa coletaram, entre 2006 e 2011, 2.227 mosquitos fêmeas em diferente pontos do país. As análises revelaram a presença de Plasmodium falciparum, um dos agentes causadores da doença, em outras três espécies anofelinas abundantes da região: A. oswaldoi, A. intermedius e A. nuneztovari.


Hantavírus e roedores no Sul


A pesquisa sobre hantaviroses no Brasil analisou diferentes espécies de roedores do gênero Akodon, recolhidas no centro-oeste catarinense, no Sul do Brasil, mesma região em que a variante viral Jaborá (JABV) foi identificada pela primeira vez no país. Por meio de técnicas de análise genética e filogenética do segmento S do vírus, os pesquisadores descobriram que não somente a espécie Akodon montensis como também a A. paranaensis servem como hospedeiros para o JABV. Além disso, a equipe fez a primeira caracterização genômica completa do segmento S desta variante viral. O estudo foi desenvolvido por meio de uma parceria do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina e o Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro.


Borrachudos no cerrado


Neste estudo, cinco instituições do estado do Rio de Janeiro – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Centro Universitário Estadual da Zona Oeste e Centro Universitário de Volta Redonda – analisaram os fatores que afetam a distribuição de borrachudos (Diptera:Simuliidae) no cerrado brasileiro. Há cerca de 170 espécies da família Simuliidae que atacam o homem e animais domésticos e estima-se que 40 delas atuem como vetores de doenças. No entanto, são poucos os estudos que analisam a incidência destes insetos fora da região amazônica. Por um ano, pesquisadores recolheram larvas de diferentes espécies encontradas no estado do Tocantins para avaliar que tipo de substrato é mais predominante em cada nicho. Foi descoberto que a maioria delas tem preferência por folhagens retidas em zonas de correnteza, exceto Simulium nigrimanum, que é mais presente em formações rochosas, e Simulium cuasiexiguum, predominante em vegetação ciliar.


Armadilha para a dengue


Uma fêmea da espécie Aedes aegypti pode dar origem a 1.500 mosquitos transmissores da dengue. O poder de reprodução da espécie motivou pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a criarem a MosquiTRAP, uma armadilha de captura de vetores para fins de pesquisa. Neste estudo, viabilizado por meio da parceria com a Fundação Nacional da Saúde e o Centro de Controle de Zoonoses Regional Oeste, ambos em Belo Horizonte, e com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, o dispositivo foi testado em campo. Em quatro bairros do Distrito Sanitário Oeste, em Belo Horizonte, foi observado que o índice de captura dos mosquitos aumentou exponencialmente quando diversas armadilhas foram concentradas na mesma região, independentemente do nível de infestação local. Além disso, os pesquisadores identificaram que o número de vetores capturados em dias de alta temperatura tende a ser maior e, nos dias de chuva, menor. A armadilha, que atrai fêmeas de Aedes aegypti grávidas graças a uma substância sintética que estimula a oviposição, também demonstrou grande potencial para o monitoramento do vetor e o desenvolvimento de novos índices entomológicos.



Publicado em 10/5/2012.

Voltar ao topo Voltar