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08/08/2013

Edição de agosto da revista 'Memórias do Instituto Oswaldo Cruz' está online


Está disponível para acesso online gratuito a edição de agosto da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Neste número o leitor encontra três artigos sobre a leishmaniose, agravo negligenciado que será tema de debate no país entre os dias 5 e 11 de agosto, quando ocorre a Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose. Um deles tem como foco o Leishmania RNA Vírus (LRV, na sigla em inglês), vírus que infecta o protozoário causador do agravo. O artigo oferece uma visão complementar aos achados de pesquisadores suíços e norte-americanos publicados na revista Science, em 2011, e que defendem a existência de uma relação de causa e efeito entre a infecção do parasito pelo vírus e a evolução da forma cutânea da doença. A edição traz, ainda, estudo que identificou porcos aparentemente saudáveis infectados com o vírus da influenza A em um abatedouro em Minas Gerais; pesquisa sobre o uso da cloroquina – um dos medicamentos usados no tratamento da malária – para reduzir os sintomas da dengue; e achados sobre a prevalência e a sazonalidade do rotavírus A e do norovírus, agentes causadores de gastroenterite aguda, em Belém.  Acesse aqui a versão online do periódico.


 

Influenza A em porcos

Um dos principais agentes causadores da gripe durante o inverno, o vírus da influenza A, é mutável por natureza. Entre os milhares de animais que servem de reservatório para o patógeno no ambiente, o porco figura entre os principais e é o foco deste estudo. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) testaram, em um abatedouro de Minas Gerais, 330 animais não-vacinados, porém, clinicamente saudáveis. O objetivo era avaliar a incidência de porcos assintomáticos, porém  infectados pelo influenza A, peças fundamentais na disseminação silenciosa da doença. Os resultados apontaram que 9% dos animais estavam doentes e que algumas normas de biossegurança não eram seguidas no estabelecimento, o que potencializaria os riscos de transmissão da gripe para humanos e outras espécies. Por exemplo, funcionários não utilizavam máscaras, luvas ou óculos protetores, e tampouco lhes era exigida ou fornecida a vacina anual contra o vírus. Além disso, gatos domésticos circulavam nas dependências do abatedouro.

Antimalárico contra a dengue

As propriedades terapêuticas da cloroquina, medicamento utilizado no tratamento da malária, foi testada em pacientes com dengue neste estudo da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP). Participaram da pesquisa 37 pessoas diagnosticadas com a doença, das quais 19 foram medicadas com cloroquina e 18, com placebos. A administração foi feita por três dias consecutivos. Dentre as que receberam a cloroquina, 12 (63%) reportaram melhora substancial nas dores no corpo, o que refletiu em um aumento na capacidade de realizar tarefas cotidianas. Findo o período, os sintomas retornaram, segundo elas, com a intensidade debilitante inicial. Já os pacientes tratados com placebo não reportaram melhora alguma. Os achados abrem caminhos para uma nova abordagem terapêutica para a dengue, doença que atingiu, em 2012, 168 mil pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.

Vírus em Leishmania

Agente etiológico causador das leishmanioses, o protozoário Leishmania, pode ser infectado por um vírus chamado Leishmania RNA virus (LRV). Estimulados por um estudo publicado em 2011 na revista Science, que associa a severidade da forma cutânea da doença à presença deste vírus no parasita, pesquisadores do IOC isolaram Leishmanias diretamente das lesões de pacientes diagnosticados com leishmaniose cutânea. O objetivo era confirmar se, na presença do LRV, haveria maior severidade no quadro clínico desenvolvido pelo paciente. Os resultados mostram que, nos casos identificados no Sudeste, onde o principal agente é a Leishmania (V.) braziliensis, não há a circulação do vírus entre os parasitas. No entanto, a doença apresenta os mesmos graus de severidade que os encontrados na região Norte, onde a Leishmania (V.) guyanensis, uma das espécies causadoras da doença, apresenta infecção por LRV.

No rastro das gastroenterites

O rotavírus A e o norovírus estão entre os principais causadores das gastroenterites agudas. Neste estudo, pesquisadores do Instituto Evandro Chagas, no Pará, coletaram, entre 2008 e 2011, quase 3 mil amostras de crianças de até cinco anos de idade hospitalizadas por diarreias em um hospital pediátrico de Belém – o responsável pela internação de cerca de 40% dos casos de diarreia na cidade. O objetivo era identificar a prevalência de cada um dos tipos de vírus e sua sazonalidade. Cerca de 21% das amostras foram positivas para rotavírus A e 35% para norovírus. Foi constatado, ainda, que os períodos de maior incidência de casos de infecção foram distintos para cada vírus: em agosto de 2008, por exemplo, 48% dos casos foram causados por rotavírus A. Já nos dois meses que se seguiram, ou seja, setembro e outubro, o norovírus foi o responsável por 63% deles. Segundo os autores, esta alternância foi observada em outros períodos e justificaria a prevalência de casos de gastroenterite durante todo o ano na região.

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