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08/07/2009

Eficácia do tratamento da doença de Chagas pode depender do sistema imunológico do paciente

Pamela Lang


Atualmente, há duas drogas disponíveis para o tratamento da doença de Chagas: o benzonidazol e o nifurtinox, que não é mais comercializado no Brasil. Ambas tem eficácia limitada na fase aguda da doença, cerca de 80%, e geram diversos efeitos colaterais para os pacientes. Segundo o pesquisador do Centro de Pesquisa René Rachou (CPqRR/Fiocruz), Álvaro Romanha, um dos fatores que pode influenciar a eficácia deste tratamento é a correlação entre os efeitos da droga e a resposta imunológica do paciente, principalmente quando se trata de portadores com algum tipo de imunodeficiência.


Em palestra intitulada Papel de linfócitos e citocinas na eficácia do posaconazol e do Benzonidazol  no tratamento da infecção aguda experimental pelo Trypanosoma cruzi, que acontece no último dia  (10/7) do Simpósio Internacional Comemorativo do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, às 16h15, Romanha apresenta o estudo publicado este ano na revista American Society for Microbiology, em que foram investigados os efeitos dos linfócitos B e T (CD4 e CD8) no tratamento com as drogas benzonidazol e posaconazol. A pesquisa mostrou que a taxa de sobrevivência de camundongos infectados com Trypanosoma cruzi e tratados com os referidos compostos foi de 100%, com cerca de 87% deles ficando curados após o tratamento.


No entanto, os resultados apontaram que quando os camundongos infectados tinham a presença do linfócito T (CD4) em seu sistema imunológico, os parasitos reapareceram, passado o efeito da droga, e a taxa de sobrevivência caiu para 6%. O resultado do tratamento na presença do linfócito T (CD8) foi considerado intermediário, com taxas de sobrevivência entre 81 e 86%, e de cura entre 31 e 66%. Já na presença do linfócito B, as duas drogas tiveram efeitos distintos. O tratamento com benzonidazol resultou numa taxa de 67% de sobrevivência, com 22% de cura. O posaconozol, no entanto, teve um efeito mais benéfico nesses animais, representando 71% de cura e 100%  de sobrevivência.


Segundo Romanha, os efeitos das atividades de diferentes linfócitos sobre a eficácia de benzonidazol e posaconazol no modelo experimental estudado provavelmente refletem as diferentes fases do parasito atingidas pelas duas drogas e os diferentes padrões de interação com o sistema imunológico do hospedeiro.


Publicado em 8/7/2009.

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