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10/07/2009

Eficácia do tratamento de pacientes chagásicos crônicos é debatida por especialistas

Pâmela Pinto


A busca pela eficiência do tratamento de pacientes chagásicos crônicos foi alvo de duas exposições na tarde desta quinta-feira (9/7), na plenária do Simpósio Internacional de Chagas, realizadas pelos pesquisadores Constança Brito e Anis Rassi Júnior. Os resultados e limitações da quimioterapia em pacientes chagásicos crônicos foi o tema da primeira palestra, enquanto a segunda teve como foco os mecanismos fisiopatológicos, os fatores de prognóstico e a estratificação de risco na cardiomiopatia chagásica.


 Constança Brito explica sensibilidade da PCR durante Simpósio Internacional de Chagas (Fotos: Gutemberg Brito/IOC) 

Constança Brito explica sensibilidade da PCR durante Simpósio Internacional de Chagas (Fotos: Gutemberg Brito/IOC) 


A pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Ficoruz) Constança Britto propôs o uso da técnica de PCR – sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase –, utilizada no diagnóstico da infecção por meio da presença do DNA do Trypanosoma cruzi em amostras de sangue do paciente, para estabelecer a eficácia de drogas na quimioterapia da doença de Chagas.


Constança explica que, na fase crônica, há uma ausência de testes sensíveis de parasitemia, pois testes sorológicos e o xenodiagnóstico funcionam com mais precisão na fase inicial da infecção.

De acordo com a pesquisadora, além de proporcionar um diagnóstico preciso na fase crônica, a técnica de PCR também garante uma detecção precoce da doença, o que potencializa as estratégias terapêuticas. A hipótese foi comprovada pela especialista com a aplicação do método para monitorar o efeito dos tratamentos em casos de infecção congênita e em pacientes crônicos. Os resultados apontaram que, quanto mais precoce for a detecção do parasito no recém-nascido, maior será a eficiência do tratamento.


Monitoramento  das complicações cardíacas


O cardiologista Anis Rassi, diretor clínico do Centro de Diagnóstico Cardiovascular do Hospital Anis Rassi, em Goiânia, estuda a cardiopatia de pacientes chagásicos crônicos, que afeta principalmente o miocárdio (músculo cardíaco) e é uma das principais causas de mortalidade na América Latina. Em sua apresentação, Rassi informou que as arritmias e a insuficiência cardíaca ocasionam morte súbita e acidente vascular cerebral (AVC) na maioria dos pacientes crônicos.  “Anualmente, contabilizam-se cerca de 21 mil mortes por cardiomiopatia, que afeta um terço das 10 milhões de pessoas infectadas com a doença de Chagas - a terceira maior doença parasitária do mundo”, reforça o especialista.


 O cardiologista Anis Rassi defente o monitoramento permantente para pacientes chagásicos crônicos com cardiomiopatia 

O cardiologista Anis Rassi defente o monitoramento permantente para pacientes chagásicos crônicos com cardiomiopatia 


A forma cardíaca crônica da doença de Chagas é caracterizada por um processo inflamatório no qual células produzem progressiva destruição das fibras cardíacas e dificultam o bombeamento do sangue. O cardiologista citou o caso de doentes que apresentam sintomas de insuficiência cardíaca associada a episódios de taquicardia ventricular como candidatos a uma terapia agressiva, para amenizar os efeitos da doença. De acordo com Rassi, o tratamento destes pacientes demanda uma vigilância constante por meio de exames como o Holter, que monitora o coração do paciente durante 24 horas, acompanhando sua rotina. A intensidade da terapia varia de acordo com os sintomas desenvolvidos em cada caso, por isso o especialista afirma que, para obter eficácia, as estratégias de tratamento devem ser personalizadas.


Constança e Rassi participam do The Benefit Trial (ou Avaliação da Interrupção de Tripanossomíase por Benznidazole), uma aliança inaugurada em 2005 para a avaliação a longo prazo do uso de benzonidazol, droga clássica para o tratamento da doença de Chagas, em pacientes chagásicos cardíacos crônicos.


Publicado em 10/7/2009.

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