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15/03/2018

Em sua trajetória, Marielle fez parte da história da Fiocruz

Pamela Lang (Agência Fiocruz de Notícias)


“Incursões servem para quê e a quem?”. Foi dessa forma que a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) expressou sua indignação com a violência cotidiana sofrida por moradores das favelas durante ato realizado, em 2017, frente ao Castelo Mourisco da Fiocruz, em Manguinhos (RJ), pela paz e cidadania. Por ser moradora da Maré, a vereadora costumava dizer que Fiocruz era como uma segunda casa, onde levava a filha para vacinar, para passeios na área verde e eventos culturais. E numa trajetória marcada pela luta e defesa dos direitos humanos, não foram poucos os momentos em que esteve ao lado desta instituição para apoiar atos de resistência à violência contra mulheres, negros, pobres e moradores das favelas. Esteve pela última vez na Fiocruz na Abertura do Ano Letivo da Fundação, ocorrida na última semana, no Dia Internacional da Mulher (8/3), com o tema Olhares femininos no cárcere.

Marilelle na aula inaugural do ano letivo da Fiocruz, no último dia 8 (Foto: Peter Ilicciev)
 
 
 

“Esse é um lugar pelo qual tenho muito apreço, muito carinho. Estando como presidente da Comissão da Mulher, penso que esse é um tempo de uma nova reflexão histórica, de um novo tempo histórico. Mulheres encarceradas, mulheres que ficam nas filas das prisões... Essa busca por diretos é pautada pela busca pelos direitos das mulheres. Nesse sentido, o tema da aula inaugural fala sobre a busca desse novo tempo histórico pela luta dos direitos humanos, num 8 de março que é um março de luta, de celebração. Eu sou das feministas históricas que agradecem às vozes que ocupam o lugar da resistência, desse lugar onde as mulheres são vítimas de estupro, da violência e precisam sim pensar numa nova sociedade. Como dizia Rosa Luxemburgo: que as flores nasçam do asfalto”, concluiu Marielle.

Em 2013, ainda como representante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Marielle esteve com o então presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, na comunidade de Manguinhos para prestar solidariedade e promover uma interlocução entre policiais que trabalhavam na comunidade e representantes dos moradores, que acusavam esses policiais de serem responsáveis pela morte de Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos, morto num beco de Manguinhos.

Marielle com o então presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, em 2013, na comunidade de Manguinhos
 
 
 

Como parceira e grande colaboradora, participou de inúmeros debates nessa instituição, sempre pautando as injustiças sociais e a defesa pela garantia dos direitos, especialmente das mulheres negras, na sociedade brasileira. Em 2016, esteve na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) para o evento Racismo e saúde: um debate necessário e urgente. “Nessa conjuntura, não temos como deixar de falar que algumas mães sequer podem ter acesso aos corpos de seus filhos negros mortos”, afirmou Marielle, mencionando o confronto entre facções do tráfico, milícias e forças policiais no Rio de Janeiro, que havia feito pelo menos 11 vítimas, entre eles 7 jovens negros, moradores da Cidade de Deus, cujos corpos haviam sido ocultados na mata.

Marielle no evento evento Racismo e saúde, na Escola Nacional de Saúde Pùblica da Fiocruz
 
 
 

Em 2017, participou da mesa-redonda Violência contra a mulher, promovida também na Ensp para marcar as comemorações em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. No debate, Marielle defendeu mais uma vez o papel de resistência das mulheres que estão expostas às diversas formas de violência todos os dias e a importância de ocuparem um espaço de luta na sociedade.

 

Há apenas dois dias (13/3), Marielle expressou indignação pela morte de Matheus Melo de Castro, baleado ao sair da igreja, a caminho de casa em Manguinhos. Matheus era funcionário da empresa Nova Rio e atuava desde 2013 na Fiocruz, como agente de coleta seletiva. “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"

Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?

— Marielle Franco (@mariellefranco) 13 de março de 2018

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