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22/06/2011

Equipe da Fundação inicia visita técnica ao Haiti como parte de acordo tripartite

Cristiane d'Ávila


Depois de sofrer o devastador terremoto de 2010, o Haiti recebeu ações de ajuda humanitária e de cooperação internacional que reuniram diversos países, como o Brasil, que logo após a tragédia lançou medida provisória doando R$ 135 milhões ao governo haitiano. Posteriormente, juntou-se ao Brasil o governo de Cuba, cujas equipes da Brigada Médica, em atuação há mais de dez anos no Haiti, somaram forças à cooperação, disponibilizando técnicos em saúde e a contínua formação de médicos e enfermeiros, por meio da Escola Latino-Americana de Medicina (Elam). Desta aproximação foi então firmado, março de 2010, o Acordo Tripartite Brasil–Cuba–Haiti, sustentado em dois eixos de ação propostos pelo Ministério da Saúde Pública e da População (MSPP) do Haiti: o fortalecimento do sistema de saúde haitiano e o fortalecimento da vigilância epidemiológica. Do acordo tripartite foi desenvolvido um plano de trabalho 2011-2012, cujas ações brasileiras partiriam também da Fiocruz, como instituição do Ministério da Saúde. Com isso, representantes do governo do Haiti estiveram em missão oficial na Fiocruz, este mês, e a partir deste sábado (18/6) uma equipe da Fundação inicia uma visita técnica ao Haiti que se estenderá até o próximo dia 25.


 Profissionais de saúde prestam serviço voluntário no Haiti (Foto: Cruz Vermelha) 

Profissionais de saúde prestam serviço voluntário no Haiti (Foto: Cruz Vermelha) 


Com base no pacto trilateral, caberia ao Brasil, como doador de recursos financeiros, a operacionalização dos mecanismos de execução do Acordo Tripartite, trabalho a cargo das equipes técnicas do Ministério da Saúde. A Cuba, a disponibilização de recursos humanos e assistência médica já estabelecida no Haiti, como também o apoio logístico e o desenvolvimento de projetos. Ao Haiti competiria apoiar e dar sustentabilidade às atividades e tomar decisões finais sobre os eixos de ação propostos pelo MSPP.


Assim, foram incluídas no documento do acordo tripartite nove linhas de ação, dentre elas a instalação de quatro unidades comunitárias de referência (seguindo o modelo das unidades de pronto atendimento, as UPAs); reforma e aquisição de equipamentos em unidades de saúde pública; aquisição de 20 ambulâncias; formação de 2 mil agentes comunitários e de 500 técnicos de nível médio, com oferta de bolsas de estudo, e a organização dos serviços de saúde segundo o modelo hierarquizado, descentralizado e universalista do Sistema Único de Saúde (SUS).


Deste acordo tripartite foi desenvolvido um plano de trabalho 2011-2012, cujas ações brasileiras partiriam também da Fiocruz, como instituição do MS, representada por três de suas unidades técnico-científicas: a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), o Canal Saúde e o Icict. À Ensp competiria a formação de recursos humanos em vigilância epidemiológica, ao Icict o suporte tecnológico ao ensino em saúde e o desenvolvimento de sistemas de informação para o MSPP, e ao Canal Saúde a documentação fílmica e fotográfica das ações de cooperação em saúde do governo brasileiro no Haiti (para serem utilizados como memória, socialização e fonte de aprendizado).


“O grande desafio colocado à cooperação foi como o Brasil e Cuba poderiam ajudar o Haiti a reerguer seu sistema de saúde, uma vez que o desastre abriu o país ao loteamento de organizações não-governamentais internacionais, sem qualquer coordenação do governo haitiano. Por isso nossa preocupação é entender a cultura haitiana, para não repetirmos o modelo colonialista”, observa a vice-diretora de Informação e Comunicação do Icict, Cristina Soares Guimarães, responsável pelas iniciativas de informação e comunicação no tripartite.


Visita técnica de representantes do Haiti ao Icict dá início à parceria com MSPP


Em função deste plano de trabalho, representantes do governo do Haiti estiveram em missão oficial no Icict, em junho, a fim de pontuar as futuras ações de cooperação técnica nos campos da informação e da comunicação entre o Icict e o MSPP. Participaram do encontro Jacques-Antoine Jasmim, chefe de serviço do MSPP; Paule Andrée Louis Byron, assistente da direção do ministério; Leonardo Arias, médico da Brigada Médica Cubana em atuação no Haiti; Umberto Trigueiros Lima, diretor do Icict; Cristina Guimarães; Tânia Santos, chefe da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz; Jorge Nundes, coordenador do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Icict; Wagner Oliveira, chefe da Coordenadoria de Comunicação Social da Fiocruz e representantes do Centro de Relações Internacionais da Fiocruz (Cris) e do Canal Saúde.


“Para nossa grande satisfação, a visita foi tão produtiva que excedeu a proposta inicial de cooperação definida no plano de trabalho 2011-2012 da cooperação tripartite. Os representantes do Haiti solicitaram que nós os ajudemos a redesenhar o núcleo de informação e comunicação do MSPP”, ressalta Cristina Guimarães. Segundo a pesquisadora, no MSPP a comunicação é trabalhada de forma independente pelos diversos programas do ministério, seguindo a lógica dos financiamentos externos, sem qualquer grau de transversalidade e intersetorialidade. “Esse foi um dos desafios colocados para nós pelos representantes do Haiti. Eles precisam estabelecer a interlocução do núcleo de comunicação e informação do MSPP com a sociedade, e nós queremos auxiliá-los a criar um modelo de comunicação e informação em saúde que seja eficaz para a realidade deles”, explica Cristina.


Em função desta demanda, uma equipe do Icict fará uma visita técnica ao Haiti, deste sábado (18/6) até o dia 25, para conhecer o MSPP e ofertar o portifólio de produtos e ações do instituto que podem ser de interesse do núcleo de comunicação e informação do ministério. “Temos que conhecer a realidade deles para podermos propor soluções de comunicação e informação sustentáveis no longo prazo. A nossa função é oferecer nossa expertise para eles possam dar continuidade às ações com seus próprios recursos humanos”, completa a pesquisadora.


Publicado em 17/6/2011.

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