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21/09/2006

Escolas do Agreste de Pernambuco terão condições sanitárias melhoradas este ano

Paula Lourenço


Mais de 400 estudantes de cinco escolas primárias de São Vicente Férrer, no Agreste de Pernambuco, passarão a usufruir de melhores condições sanitárias a partir do próximo mês de dezembro. No fim do ano devem ser inaugurados quatro poços artesianos, além das obras de renovação de um poço e de um reservatório de água, bem como da instalação e renovação de 18 privadas. O trabalho vem sendo feito desde abril deste ano. A iniciativa surgiu de uma proposta da associação francesa Eau, Agriculture et Santé en milieu Tropical (East) à pesquisadora Otamires Silva, do Departamento de Parasitologia do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz no estado. A East organiza programas de desenvolvimento sanitário, em meio escolar, desde 1990, recebendo apoio da Agence de L’Eau Seine Nomandie (Aesn), a partir de 1997, através de sete projetos na África, Ásia e no Haiti. O trabalho conta com o apoio da Prefeitura de São Vicente Férrer, que está oferecendo a mão-de-obra para a execução do serviço.


As escolas contempladas localizam-se na Zona Rural do município. São elas: Albertina de Oliveira (sítio Lério), José Alves de Araújo (sítio Jararaca), Governador Moura Cavalcanti (sítio Cipó Branco), Carolina Figueira Lins (sítio Aurora) e Laura de Andrade Lima (sítio Mata Limpa). Os estabelecimentos foram selecionados em março deste ano, após um diagnóstico realizado em 25 escolas, analisando a situação de cada uma delas relacionada à água utilizada, à fonte e à situação das privadas.


Nas cinco unidades escolhidas para o trabalho verificou-se a situação crítica da água para beber, considerada insalubre, e a poluição bacteriológica forte. “As condições precárias configuram-se como situação de risco para doenças infecciosas de veiculação hídrica e contribuem para o aumento da morbimortalidade infantil”, explicou a coordenadora do programa no Brasil.


Otamires lembrou que a seleção dos estabelecimentos foi feita com base em análise in loco. “Depois disso, elaboramos um relatório fotográfico, encaminhando à prefeitura da cidade e ao coordenador do programa na França, Löic Monjour, que, em dezembro, virá supervisionar os trabalhos”, complementou.


Além das obras, professores, estudantes e os pais dos alunos estão passando por um processo de sensibilização sanitária. “Há também a organização de uma farmácia escolar em cada escola, para cuidados primários e primeiros socorros”, explicou Otamires. Segundo a pesquisadora, o treinamento será acompanhado de aplicação de questionários e de uma mobilização de incentivo para a manutenção cotidiana dos pontos de água e das privadas.


Leishmaniose


Responsável pela coordenação do programa do melhoramento sanitário das escolas, Otamires já atua na coordenação do Programa de Leishmaniose daquela cidade, por meio da Portaria 343/2005. Ela atua no Laboratório de Pesquisas em Doenças Endêmicas do Agreste, onde são desenvolvidos estudos sobre epidemiologia, diagnóstico e tratamento das leishmanioses.


As pesquisas vêm sendo desenvolvidas desde 2003, contando com o financiamento do grupo Sanofi Aventis, que beneficiou a instalação do laboratório. A unidade serve, hoje, como referência regional, atendendo cerca de 32 municípios vizinhos a São Vicente Férrer, no apoio logístico e formação de pessoal da área de saúde quanto às endemias da região.

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