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27/05/2013

Estudo aborda saúde de médicos que trabalham em uma UTI neonatal

Informe Ensp


O trabalho e a saúde dos médicos que atuam numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público neonatal. Esse foi o assunto abordado por Ana Paula Ferreira da Rocha em sua dissertação de mestrado na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Segundo ela, as principais consequências da atividade para os médicos são, principalmente, alterações sobre a saúde mental (psicológica) e queixas sobre o sono, o humor, cefaleia e alterações musculares. "O objetivo da pesquisa era conhecer as estratégias de defesa usadas por esses profissionais para manter a saúde num trabalho tão hostil. O que chamou a atenção foi a comprovação da automedicação e autodiagnóstico na classe", alertou.

Segundo a pesquisadora, a falta de condições adequadas do trabalho e equívocos na forma de organização do trabalho colocam em risco o esforço de se manter a atividade laboral com qualidade
 

A unidade de saúde investigada pela mestranda foi o Hospital São João Batista, em Volta Redonda (RJ). A pesquisa visou interpretar o significado do trabalho na vida desses profissionais, identificando as dificuldades, bem como as satisfações geradas no âmbito laboral. Ana Paula utilizou como fundamentação teórica, a respeito das relações entre trabalho e saúde, os referenciais do campo da saúde do trabalhador, da concepção vitalista de saúde, da perspectiva ergológica, da ergonomia e da psicodinâmica.

As entrevistas realizadas foram individuais e semiestruturadas, com roteiro de perguntas abertas, no período de julho a agosto de 2012. “No que tange a análise dos materiais, tomei como base a 'análise do discurso'. Partindo das falas dos trabalhadores, foram identificados núcleos de interpretação, agrupados por eixos de análise, como elementos da atual configuração do trabalho médico; o trabalho na UTI neonatal; a saúde dos médicos e a prática de automedicação e a necessidade de espaços de diálogo; gênero no trabalho médico e na pediatria”, disse.

A pesquisadora obteve resultados relativos a elementos sobre a atual configuração do trabalho médico (questões humanitárias, sobrecarga de horas e funções, precarização do trabalho); ao trabalho na UTI neonatal: ambiente, organização do trabalho, humanização, tensão, perda de pacientes, prazer no trabalho, relacionamentos entre membros da equipe e com familiares e pacientes; à saúde como prática da automedicação e autodiagnóstico; a alterações sobre a saúde física e mental; à necessidade de espaços de diálogo; além da questão do gênero em relação à classe de pediatras e intensivistas neonatais.

Neonatologista em UTI há 13 anos, Ana Paula chegou a conclusão de que a falta de condições adequadas do trabalho e equívocos na forma de organização do trabalho colocam em risco o esforço de se manter a atividade laboral com qualidade. “Isso ocasiona repercussões na saúde dos trabalhadores, principalmente se as estratégias de defesa utilizadas parecem não estar sendo suficientes”. Por isso, aponta ela, são necessárias mudanças na organização do trabalho médico a partir de políticas e ações adequadas como a proposta de grupos de diálogo, no próprio espaço.

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