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06/10/2011

Estudo analisa efetividade de realização de transplantes nos estados brasileiros

Renata Moehlecke


Em artigo publicado na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada avaliaram indicadores de efetividade, produtividade e capacidade de realização de transplantes nos estados brasileiros. A pesquisa, feita com base em dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), apontou que as maiores taxas de atendimentos de transplantes são encontradas nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste (com exceção do Rio de Janeiro) do Brasil. O estado de São Paulo foi o que apresentou os melhores indicadores e o da Bahia, os piores.


 A pesquisa apontou que as maiores taxas de atendimentos de transplantes são encontradas nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste (com exceção do Rio de Janeiro) do Brasil. 

A pesquisa apontou que as maiores taxas de atendimentos de transplantes são encontradas nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste (com exceção do Rio de Janeiro) do Brasil. 





Segundo os pesquisadores, estudos sobre o tema descrevem um quadro de acesso aos transplantes bastante desigual nos estados do país. “Tal cenário resulta de diversos fatores, destacando-se desigualdades na capacidade operacional das Centrais Estaduais, distribuição heterogênea das equipes transplantadoras no território nacional, concentradas nas regiões Sul e Sudeste, e dificuldades de se fazer os exames pré-transplantes pelo SUS, gerando problemas de acessibilidade a esses tratamentos para população de baixa renda, residente distante dos centros transplantadores”, explicam os estudiosos.



Os resultados também indicaram que, embora os estados da região Nordeste tenham exibido desempenhos relativamente inferires, os estados do Ceará e de Pernambuco também merecem destaque positivo. “Por outro lado, o estado do Rio de Janeiro parece estar em situação inferior ao potencial sanitário, humano e econômico que tem à disposição”, comentam os pesquisadores.



No que se refere a Bahia, eles explicam que uma das razões para o desempenho deficiente mostrado seria a baixa taxa de doação de órgãos na localidade. Essas baixas taxas de doação podem ocorrer por falta de informações sobre transplantes, por desconhecimento do conceito de morte cerebral, por medo da morte e outros mitos, e pela falta de credibilidade no sistema de saúde. Além disso, a falta de treinamento médico para identificação e manejo clínico do potencial doador, a relutância das equipes em entrevistar as famílias enlutadas e a falta de equipamentos para diagnosticar morte encefálica podem prejudicar também o processo de doação.



“Acreditamos que o presente estudo, no que se refere à avaliação das desigualdades das atividades de transplantes de órgãos e de tecidos entre os estados brasileiros, não encontra similaridades no Brasil”, afirmam os pesquisadores. “Ele pode ser útil na avaliação da situação atual e na formulação de políticas relacionadas com os transplantes de órgãos e de tecidos no país”. Eles ainda destacam que a estimativa da quantidade de pessoas atualmente esperando por transplantes no Brasil é elevada, atingindo um total de mais de 60 mil pessoas.

 

Publicado em 6/10/2011.

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