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30/03/2011

Estudo analisa fatores associados à realização de exame de próstata em SP

Renata Moehlecke


No Brasil, após o de pele, o câncer de próstata é o que apresenta maior incidência, sendo a quarta causa de morte por neoplasias nos homens. Em 2010, estima-se que a cada 100 mil homens, 54 exibiram novos casos. Cientes do problema, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisaram os fatores associados à realização de exames de rastreamento da enfermidade em quase mil homens moradores do Estado de São Paulo. Os resultados, publicados na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, indicaram que, apesar de controvérsias sobre a efetividade dos exames para a detecção da doença, parcela significativa da população avaliada vem fazendo os testes (55,6% dos consultados).


 Os dados apontaram que 44,4% dos entrevistados nunca havia feito exame preventivo

Os dados apontaram que 44,4% dos entrevistados nunca havia feito exame preventivo


“O câncer de próstata tem crescimento lento, é raro antes dos 50 anos de idade, sendo que 85% dos casos são diagnosticados após os 65 anos e a sua história natural ainda é pouco conhecida. O rastreamento é realizado por meio de toque retal e da dosagem do antígeno específico prostático (PSA)”, afirmam os pesquisadores. “O toque retal é utilizado para avaliar o tamanho, a forma e a consistência da próstata no sentido de verificar a presença de nódulos, mas sabe-se que este exame apresenta algumas limitações, uma vez que somente possibilita a palpação das porções posterior e lateral da próstata, deixando 40% a 50% dos tumores fora de seu alcance. O PSA é uma glicoproteína originária na próstata, e o seu nível elevado na corrente sanguínea é considerado um importante marcador biológico para algumas doenças, entre elas, o câncer”.


Dentre aqueles que referiram ter realizado o exame de próstata, o exame de verificação do PSA foi o mais frequente (73,2%), seguido do toque retal (61,8%), da ultrassonografia (28,2%) e a biópsia (7,3%). Além disso, foi observada uma concomitância de testes: 22% realizaram o toque retal e PSA, cerca de 18% realizaram toque retal, PSA e ultrassonografia ou biópsia e 9,8% relataram ter feito os quatro exames. Cerca de 1% dos entrevistados referiu ter no momento ou já ter tido o câncer de próstata. 


Os dados ainda apontaram que 44,4% dos entrevistados nunca havia feito exame preventivo para câncer de próstata. A não realização foi significativamente mais prevalente nos homens com menos de 70 anos, nos de raça/cor preta ou parda, naqueles com escolaridade menor que nove anos, nos que não exercem a chefia familiar, com renda familiar per capita menos que 2,5 salários-mínimos, nos desempregados e naqueles com menor posse de bens duráveis. No entanto, as chances de realizar os exames aumentaram com o crescimento da faixa etária. “O aumento da prevalência e de comorbidades com o avanço da idade torna mais frequente a procura pelos serviços de saúde, aumentando a oportunidade para a realização de exames preventivos”, comentam os pesquisadores.


Os estudiosos ainda destacam a participação do Sistema Único de Saúde (SUS) na realização dos exames de prevenção para o câncer de próstata. “Um dado interessante observado neste estudo é que, apesar de não haver indicação pelo Ministério da Saúde, o SUS foi responsável pela realização de 41% dos exames referidos. Mesmo não sendo possível determinar o real motivo da realização dos exames, considerando que esses dados não foram levantados na pesquisa, verificou-se ser o SUS um importante financiador dos exames de detecção precoce do câncer de próstata”, asseguram os pesquisadores. “O sistema complementar de saúde por sua vez foi o responsável majoritário pela oferta dos exames de rastreamento (59%), o que pode apontar para uma maior flexibilidade na indicação por este segmento”.


Publicado em 28/3/2011.

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