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01/04/2013

Estudo analisa sobrevida de pacientes com câncer de mama

Informe Ensp


A pesquisadora Cláudia Brito apresentou, em sessão científica da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), um estudo a respeito do tratamento do câncer de mama. A pesquisa, fruto de sua tese de doutorado, abordou a identificação das variáveis que contribuem para a interrupção do tratamento de hormonioterapia para o câncer de mama e a avaliação do seu efeito na sobrevida da doença. Os resultados apontaram uma frequência acumulada da adesão de 76,3% e a persistência geral de 79%, ao primeiro ano, e 31%, aos cinco anos de tratamento. A sobrevida por câncer de mama foi afetada por vários fatores sociodemográficos e assistenciais, bem como pela baixa adesão ao tratamento hormonal, após ajuste por fatores clínicos e sociodemográficos relevantes.


 A doença é a que mais ameaça a população feminina, principalmente após os 35 anos, quando sua incidência cresce rápida e progressivamente, associando-se a efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal

 A doença é a que mais ameaça a população feminina, principalmente após os 35 anos, quando sua incidência cresce rápida e progressivamente, associando-se a efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal


O câncer de mama, que é o de maior incidência entre as brasileiras, também é a primeira causa de morte, por conta dessa doença, entre as mulheres do país (12.852 óbitos em 2010). Em 2013, estima-se o diagnóstico de 52.680 mulheres com a doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os fatores de risco mais importantes são história familiar e fatores hormonais. Essa doença é a que mais ameaça a população feminina, principalmente após os 35 anos, quando sua incidência cresce rápida e progressivamente, associando-se a efeitos psicológicos, que afetam a percepção de sexualidade e a própria imagem pessoal.


Intitulada Adesão e persistência à terapia endócrina para o câncer de mama, fatores preditores e resultados relacionados, a tese é um estudo longitudinal retrospectivo, com abordagem quantitativa, a partir de dados secundários. A análise foi realizada a partir de um conjunto de informações de 5.861 mulheres com câncer de mama dispostas em diferentes bancos de dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e do Sistema Único de Saúde (SUS).


De acordo com Cláudia, foram favoráveis a aderir ao tratamento hormonal e persistir nele as mulheres mais idosas, com ensino médio completo ou nível superior, com companheiro, não alcoolistas, com estadiamento curável (1 e 2), submetidas à cirurgia, não tratadas com quimioterapia, que tiveram consultas de mastologia e com oncologista clínico, com consulta de psicoterapia e de apoio terapêutico multiprofissional. “A sobrevida geral das mulheres tratadas com hormonioterapia para o câncer de mama no Inca foi de 94% em um ano e 71% em cinco anos de tratamento. A adesão e vários fatores clínicos, sociodemográficos e assistenciais mostraram-se associados à sobrevida por câncer de mama”, disse a pesquisadora.


A tese conclui que ainda é elevado o número de diagnósticos de câncer de mama avançado, apesar da existência de um programa de rastreamento da doença. A pesquisadora ressaltou que “os resultados relativos ao diagnóstico precoce da doença mostram que ele não somente redunda em melhor sobrevida, mas também na própria condição de enfrentamento da doença pela paciente. Cerca de um quarto das mulheres com câncer de mama não adere e 69% não persistem ao término de cinco anos do tratamento hormonal. Isso aumenta o risco de uma resposta clínica inadequada nesse subgrupo de mulheres, além de apresentar os fatores associados à descontinuidade em contexto brasileiro. Mudanças no cuidado podem aumentar os índices de adesão e persistência e, consequentemente, diminuir o risco de piores resultados e contribuir para a diminuição de gastos desnecessários no SUS”, concluiu.


Publicado em 28/3/2013.

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