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17/02/2012

Estudo aponta diferenças no padrão de consumo de medicamentos entre idosos

Danielle Monteiro


Nos últimos anos, a população idosa tem apresentado crescimento significativo no Brasil. Estimativas apontam que, até 2020, o número de idosos deve exceder 30 milhões, representando quase 13% da população nacional. Dada a importância da utilização de medicamentos no tratamento de doenças nesse crescente grupo etário, pesquisadores das Faculdades de Medicina e Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Estadual de Campinas realizaram estudo que avalia o uso de remédios entre idosos residentes em áreas urbanas e rurais do município de Carlos Barbosa (RS). Os resultados, publicados nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, indicam disparidades quanto ao consumo de medicamentos entre as duas populações analisadas.


 A prevalência de consumo de remédios foi maior nas mulheres, com idade superior a 70 anos, de cor branca, sem companheiro, com maior escolaridade, renda superior a R$ 260, acometidas por mais doenças e com pior qualidade de vida

A prevalência de consumo de remédios foi maior nas mulheres, com idade superior a 70 anos, de cor branca, sem companheiro, com maior escolaridade, renda superior a R$ 260, acometidas por mais doenças e com pior qualidade de vida





O estudo, para o qual foram entrevistadas 811 pessoas de no mínimo 60 anos, revela maior prevalência no uso de medicamentos e polifarmácia entre idosos urbanos (79,4%), comparado aos residentes da área rural (63,5%) do município. “A indisponibilidade de serviços de saúde próximos ao local de residência, o acesso reduzido a esses serviços disponíveis em outros locais, as restrições financeiras e o isolamento social do morador da área rural podem contribuir para o menor acesso ao consumo de medicamentos”, explicam os pesquisadores.



Segundo eles, aspectos relacionados ao trabalho rural também influenciam no uso de remédios. “Trabalhadores rurais que permanecem o dia inteiro na lavoura podem desistir de utilizar medicamentos com mais frequência do que os urbanos se o uso for dificultado pelas condições próprias do trabalho rural, como no caso de medicamentos que necessitam ser administrados várias vezes ao dia ou que necessitam de técnicas e aparatos especiais para a administração”, esclarecem.


O uso contínuo de medicamentos foi relatado por 72,3% do total de idosos estudados. A prevalência de consumo de remédios foi maior nas mulheres, com idade superior a 70 anos, de cor branca, sem companheiro, com maior escolaridade, renda superior a R$ 260, acometidas por mais doenças e com pior qualidade de vida. Os medicamentos com ação sobre o aparelho cardiovascular foram os mais utilizados pelas duas populações, uma vez que, por representar uma das principais causas de morbimortalidade entre idosos, são frequentemente prescritos.


Chama a atenção o elevado uso de antidepressivos, principalmente entre os idosos de área urbana, que respondem por 16,9% do consumo desse tipo de medicamento. Os resultados quanto à prevalência para o uso de polifarmácia, que foi de 13,9% entre os idosos rurais e urbanos, foram semelhantes aos alcançados na análise do uso de medicamentos para todas as características analisadas.


Segundo os estudiosos, os resultados obtidos podem contribuir efetivamente para o avanço no conhecimento quanto à utilização de serviços de saúde entre populações rurais e urbanas, uma vez que, devido a dificuldades logísticas, são raros os estudos que incluem amostras rurais na área. “O papel dos hábitos de vida, crenças e valores dos idosos moradores em diferentes áreas na procura por serviços de saúde e utilização de medicamentos precisa ser investigado, bem como fatores relacionados ao sistema de saúde e condições de acesso aos serviços e aos medicamentos”, ressaltam.


Publicado em 14/2/2012.

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