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25/03/2006

Estudo aponta efeito benéfico desconhecido do tratamento para hipertensão arterial

Bel Levy


Um estudo feito em parceria pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), uma unidade da Fiocruz, e o Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica da França (Inserm, na sigla em francês) demonstrou que a terapia anti-hipertensiva utilizada atualmente, além de diminuir a pressão arterial, exerce um efeito positivo até então desconhecido: contribui para o funcionamento adequado da microcirculação sangüínea, sistema fisiológico de extrema importância que costuma apresentar complicações em decorrência da doença. Responsável pela distribuição de oxigênio pelo corpo e pela irrigação de órgãos como cérebro, coração e rins - considerados órgãos-alvo no tratamento da hipertensão -, a microcirculação é afetada diretamente pela doença, podendo ocasionar até mesmo derrames cerebrais.


"A hipertensão arterial é caracterizada pela rarefação da microcirculação sangüínea, isto é, pela perda de vasos capilares, que leva ao aumento da pressão arterial", explica o coordenador da pesquisa no Brasil, Eduardo Tibiriçá, chefe do Laboratório de Farmacologia Neuro-Cardiovascular do IOC. "Como os capilares que formam a microcirculação são responsáveis pela irrigação de importantes órgãos, o comprometimento desses vasos sangüíneos pode resultar em doenças graves associadas à hipertensão arterial, como acidente vascular cerebral ou isquemia do miocárdio. Por isso, o ideal é que a terapia anti-hipertensiva não só abaixe a pressão do paciente, mas também atue de forma positiva sobre a microcirculação sangüínea". É justamente este fato que o estudo acaba de comprovar.


Para avaliar se o tratamento disponível hoje exerce tal efeito, a equipe da pesquisa na França comparou clinicamente a microcirculação cutânea em três grupos de pessoas - indivíduos com pressão arterial normal, hipertensos que nunca passaram por tratamento e pacientes em situação controlada, medicados há pelo menos 12 meses. O resultado obtido foi a confirmação de que a rarefação capilar é maior entre hipertensos não tratados e de que a terapia anti-hipertensiva exerce efeito positivo sobre a microcirculação, contribuindo assim para a prevenção de doenças decorrentes da hipertensão arterial.


Como os pacientes hipertensos são tratados por uma associação de medicamentos, nesta primeira etapa a pesquisa não pôde precisar quais drogas são responsáveis pelo efeito sobre a microcirculação. Essa questão poderá ser respondida em breve pelo estudo experimental em curso no Laboratório de Farmacologia Neuro-Cardiovascular do IOC, que está avaliando o efeito de drogas específicas sobre a microcirculação de camundongos.

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