13/11/2017
Monitoramento contínuo, testagem laboratorial de mosquitos e de primatas não humanos encontrados mortos e aumento da vacinação são ações cruciais para prevenir casos humanos de febre amarela. Esta é a recomendação de pesquisadores da Fiocruz Bahia, após a investigação do surto da doença em animais ocorrido em Salvador, cujos resultados foram publicados no periódico científico Annals of Internal Medicine, na última terça-feira (7/11), no artigo intitulado Epizootic Outbreak of Yellow Fever Virus and Risk for Human Disease in Salvador, Brazil.
Tendo em vista que a capital baiana tem sido um epicentro do vírus da dengue e mais recentemente da zika e chikungunya, todos transmitidos pelo Aedes aegypti, o objetivo do estudo foi investigar o risco de ocorrência de febre amarela em humanos, que também é transmitida pelo mesmo mosquito. A equipe de pesquisadores analisou a distribuição temporal do surto que afetou pequenos primatas (micos) e a distribuição espacial onde os macacos foram encontrados mortos, além de coletar mosquitos nestes locais para investigação do potencial de transmissão desses vetores.
Os achados da pesquisa sugerem que a ocorrência de febre amarela em primatas não humanos que habitam áreas densamente urbanizadas representavam um risco considerável de ressurgimento de doença em seres humanos, devido aos altos índices de infestação dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os autores concluíram que a vigilância e monitoramento das populações de mosquitos e de macacos e o aumento da cobertura da vacinação contra a febre amarela podem ajudar a prevenir casos das doenças em humanos, no Brasil.
Febre amarela
O vírus da febre amarela circula em países da América do Sul e da África. A transmissão geralmente ocorre em animais selvagens, mas ocasionalmente atinge humanos que entram nas regiões florestais. Recentemente, as preocupações com o ressurgimento da doença em área urbana cresceram devido à disseminação do Aedes aegypti, que tem demonstrado capacidade de transmitir o vírus da febre amarela. Além disso, a cobertura da vacinação contra a doença ainda é insuficiente, pois a vacina vinha sendo administrada prioritariamente para populações que residem em áreas consideradas de alto risco.