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10/08/2010

Estudo avalia acesso de idosos a medicamentos para hipertensão e diabetes

Renata Moehlecke


Em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Católica de Pelotas avaliaram o acesso (e os motivos para falta dele) a medicamentos gratuitos para hipertensão e diabetes por cerca de 4 mil idosos de mais de 65 anos residentes na área das unidades básicas de saúde (USB) de 41 municípios do Sul e do Nordeste brasileiro. A pesquisa apontou que o Programa de Saúde da Família (PSF) é um dos principais responsáveis pela distribuição desses produtos, auxiliando o fornecimento de 61,2% destes no Nordeste e 39,6% no Sul.


 De acordo com os estudiosos, a responsabilidade pela aquisição de medicamentos não é clara, o que prejudica a efetividade da assistência farmacêutica

De acordo com os estudiosos, a responsabilidade pela aquisição de medicamentos não é clara, o que prejudica a efetividade da assistência farmacêutica


Segundo os pesquisadores, do total de idosos consultados, 61,5% afirmaram ter hipertensão e/ou diabetes. O acesso aos medicamentos foi considerado alto tanto na Região Sul (92,6%) quanto no Nordeste (89,7%). No que se refere ao acesso gratuito, os residentes do Nordeste (62,4%) tiveram mais facilidade para obter os remédios do que os do Sul (55,1%). “De todos os medicamentos obtidos, 35,1% foram pagos pelos idosos, 42% recebidos em unidades básicas de saúde próximas a suas residências, e 22,9% foram obtidos gratuitamente em outras USBs, farmácias do Sistema Único de Saúde (SUS) ou por outros meios”, comentam os estudiosos no artigo.


Os pesquisadores ainda comentam que, no Nordeste, as unidades básicas de saúde abrangidas pelo PSF apresentaram um maior acesso aos medicamentos (91%) do que aquelas que não são (86,6%). No Sul, a situação se repete sendo os percentuais 59,2% e 48,9%, respectivamente. “O estudo revelou um grande acesso contínuo a medicamentos prescritos para doenças crônicas entre os idosos”, destacam os pesquisadores. Eles ainda apontam que os dois principais fatores determinantes para uma possível falta de acesso aos remédios seriam sua não disponibilidade no SUS e a falta de recursos financeiros para realizar sua compra.


De acordo com os estudiosos, a responsabilidade pela aquisição de medicamentos não é clara, o que prejudica a efetividade da assistência farmacêutica. Para tentar resolver o problema, o sistema nacional de nível de abastecimento de medicamentos está sendo descentralizado para tornar mais adequado o acesso para determinadas localidades. “No entanto, para o desenvolvimento da assistência farmacêutica não é apropriado simplesmente transferir a responsabilidade para autoridades municipais”, afirmam os pesquisadores. “Melhores articulações na assistência farmacêutica influenciadas por uma melhor integração dentre programas existentes, evitando sobreposições e promovendo uma clara definição de responsabilidades, irão otimizar o processo de aquisição de medicamentos no nível ambulatório, aumentando a efetividade de estratégias na área de saúde”.


Publicado em 9/8/2010.

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