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23/01/2013

Estudo avalia cobertura do rastreamento de câncer de colo de útero

Renata Moehlecke


Apesar de ser ranqueado como o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres de todo o mundo, o câncer de colo de útero pode ser prevenido a partir de sua detecção precoce e tratamento adequado. No entanto, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cobertura do exame de rastreamento no Brasil ainda é baixa. Com o objetivo de verificar a abrangência do teste Papanicolaou, considerado o mais efetivo para a detecção da doença, e a adequação de sua periodicidade, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, consultaram quase 4 mil mulheres moradoras de 41 municípios das regiões Sul e Nordeste. Os resultados, publicados na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, apontaram que uma cobertura de 75,3% e uma adequação de 70,7%.


 Mulheres com mais de 25 anos, com maior escolaridade, que realizaram o pré-natal na última gestação e que fizeram consulta ginecológica no último ano mostraram uma maior adequação da periodicidade para a realização do exame de colo de útero

Mulheres com mais de 25 anos, com maior escolaridade, que realizaram o pré-natal na última gestação e que fizeram consulta ginecológica no último ano mostraram uma maior adequação da periodicidade para a realização do exame de colo de útero





“É necessário ampliar e fortalecer as ações preventivas ofertadas pelos serviços de saúde, especialmente para subgrupos de mulheres mais vulneráveis; potencializar as situações que demandam utilização dos serviços de saúde, assim como realizar outros estudos com diferentes delineamentos que contribuam para compreender como estão sendo seguidas as recomendações com base no exame”, explicam os pesquisadores. Para o estudo, foram selecionadas mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos que antecederam a pesquisa, já que teriam maior probabilidade de ter fazer o exame dentro do período recomendado. “No entanto, os resultados encontrados não atingiram os níveis de efetividade preconizados pela OMS, evidenciando que em boa medida a chance de fazer o rastreamento durante o pré-natal não está sendo aproveitada”, apontam os estudiosos.


Mulheres com mais de 25 anos, com maior escolaridade, que realizaram o pré-natal na última gestação e que fizeram consulta ginecológica no último ano mostraram uma maior adequação da periodicidade para a realização do exame de colo de útero. Este foi menos frequente entre mulheres de estrato socioeconômico mais baixo e em mães de primeira viagem. “A idade de mulheres com maior prevalência de citopatológico adequado foi de 25 anos ou mais, configurando-se como um fator positivo, devido à recomendação nacional que preconiza a faixa etária para início da coleta do exame”, destacam os pesquisadores.


Ainda segundo os dados da pesquisa, quando questionadas se conheciam o exame, 91,1% das entrevistadas responderam afirmativamente, mas 17,3%, ainda assim, relatou que nunca o havia realizado. Com relação ao conhecimento sobre a periodicidade de realização recomendada, para 55,7% o exame deveria ser feito mais de uma vez por ano; 43,1% acreditavam que deveria ser anual e 0,2% afirmaram que deveria ser de três em três anos. Segundo os pesquisadores, a recomendação é de um exame a cada três anos. “Destaca-se que apesar do amplo conhecimento sobre o exame, para a maioria das mulheres, este deve ser realizado mais de uma vez por ano ou anualmente, o que levaria a um aumento dos custos sem redução significativa nos potenciais benefícios”.


Publicado em 22/1/2013.

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