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03/02/2012

Estudo avalia desempenho de programa de triagem neonatal

Renata Moehlecke


No Brasil, desde a década de 1960, com o Programa de Triagem Neonatal (PTN), crianças recém-nascidas são examinadas a partir do popularmente chamado teste do pezinho. O objetivo é detectar doenças como fenilcetonúria (ausência da enzima fenilalanina hidroxilase) e o hipotireoidismo congênito (deficiência dos hormônios produzidos pela glândula tireoide) que, se diagnosticadas cedo, não deixam sequelas neurológicas. Cientes da importância da realização desses testes, pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) resolveram investigar o desempenho do PTN no estado do Rio de Janeiro. .A pesquisa apontou que, entre 2002 e 2007, a cobertura do teste chegou a 80,4%, mas que apenas 33,8% das coletas foram feitas até o sétimo dia após o nascimento.


 Segundo os pesquisadores, o Rio de Janeiro apresentou três tipos de modelos de testes e dois serviços de referência de triagem neonatal

Segundo os pesquisadores, o Rio de Janeiro apresentou três tipos de modelos de testes e dois serviços de referência de triagem neonatal


“As diretrizes enfatizam o momento adequado para a coleta do teste de triagem neonatal entre o 3° e 7° dias de vida, em 100% dos recém-natos”, afirmam os pesquisadores, em artigo publicado na última edição da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. “Os atrasos acumulados nas diversas etapas do processo podem anular os benefícios da detecção precoce, fundamento da triagem neonatal. Os efeitos deletérios de longo prazo transcendem a esfera individual acarretando impacto no sistema de saúde e grande ônus social”.


Segundo os pesquisadores, o Rio de Janeiro apresentou três tipos de modelos de testes e dois serviços de referência de triagem neonatal. “A duplicidade de serviços de referência não demonstrou ser um fator facilitador de acesso ao programa, e a fragmentação das atividades ainda compromete a qualidade e a eficiência dos serviços, pois dificulta os mecanismos de controle de qualidade e afeta a relação custo-benefício”, explicam os estudiosos.


Os resultados ainda indicaram que 50% dos casos com confirmação para as doenças obteve diagnóstico com a criança tendo mais de 48 dias de vida. Além disso, dados sugeriram limitações em todo o processo, como longos intervalos de entre cadastro de amostras no laboratório ou reconvocações de amostras impróprias para a análise laboratorial. “Faz-se necessário um processo avaliativo para subsidiar os gestores com informações úteis para a revisão de estratégias e ajustes para que os programas de triagem neonatal aumentem sua efetividade”, comentam os pesquisadores. “Só assim poderão expandir de forma consistente o painel de doenças e incluir crianças ainda não beneficiadas pelo próprio programa por serem afetadas por doenças congênitas ainda não contempladas”.


Publicado em 2/2/2012.

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