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21/05/2008

Estudo confirma associação entre circunferência abdominal e hipertensão

Fernanda Marques


Quando o Índice de Massa Corporal (IMC) – razão entre o peso em quilos e o quadrado da altura em metros – ultrapassa 25 Kg/m2, é sinal de sobrepeso e, se está acima de 30 Kg/m2, isso indica obesidade. Embora seja uma excelente medida para sobrepeso e obesidade, o IMC não considera a variação na distribuição da gordura corporal. Em outras palavras: às vezes, apesar de apresentar um IMC considerado normal (entre 18,5 Kg/m2 e 24,9 Kg/m2), a pessoa pode estar sob risco de desenvolver doenças metabólicas e cardiovasculares, como a hipertensão arterial. O alerta foi feito em um artigo publicado no periódico Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Por isso, o trabalho sugere que, além do IMC, seja utilizado um outro indicador: a circunferência abdominal.


 Para os autores, a aferição da circunferência abdominal poderia contribuir para a identificação precoce de hipertensão arterial (Arte: <EM>A bailarina</EM>, de Fernando Botero) 

 Para os autores, a aferição da circunferência abdominal poderia contribuir para a identificação precoce de hipertensão arterial (Arte: A bailarina, de Fernando Botero) 


A pesquisa – feita pelos institutos de Nutrição e Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz – avaliou mais de 1,7 mil servidoras públicas de 24 a 69 anos que ocupavam cargos técnico-administrativos. Foram aferidas massa corporal, estatura, circunferência abdominal e pressão arterial. A circunferência abdominal foi medida na altura do umbigo e foi considerada elevada acima de 88 cm.


No grupo de mulheres examinadas, 22,1% eram hipertensas e, entre estas, mais de um terço tinha valores elevados de circunferência abdominal. “Mulheres com valores elevados de circunferência abdominal apresentaram prevalência de hipertensão arterial 2,5 vezes mais alta do que as de circunferência abdominal normal”, relatam os pesquisadores no artigo. Ou seja: os resultados do estudo corroboram a existência de uma associação entre circunferência abdominal e hipertensão arterial.


Os autores observaram ainda que, após ajuste segundo a idade, as mulheres com IMC normal, mas com circunferência abdominal elevada, apresentavam o dobro da prevalência de hipertensão arterial em comparação àquelas com circunferência abdominal igual ou inferior a 88 cm. “Uma possível explicação para esses resultados pode estar relacionada ao papel da distribuição da adiposidade corporal. Revisão recente acerca da associação entre gordura visceral e síndrome metabólica sugere que a adiposidade abdominal é um elemento central, influenciando a resistência insulínica e, conseqüentemente, a síndrome metabólica e o risco cardiovascular”, explicam os pesquisadores no artigo.


Como conclusão do trabalho, os autores destacam a importância da mensuração da circunferência abdominal na rotina dos serviços de saúde. “A aferição da circunferência abdominal, independente das medidas tradicionalmente já realizadas nesses serviços (massa corporal e estatura), poderia contribuir para a identificação precoce de hipertensão arterial”, dizem. Eles lembram também que, para combater a hipertensão arterial, é preciso reduzir a gordura abdominal e, conseqüentemente, prevenir o sobrepeso e a obesidade. “Nessa perspectiva, estratégias que visem a mudanças no estilo de vida, tais como aumento da atividade física, abandono do tabagismo e hábitos alimentares mais saudáveis, são oportunas e necessárias”.

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