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19/02/2008

Estudo constata alta proporção dos genótipos 1 e 3 da hepatite C no Sul

Renata Moehlecke


Em um artigo publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, especialistas determinaram a freqüência de genótipos do vírus da hepatite C no Sul do país. O estudo apontou uma prevalência de 53,9% do genótipo tipo 1, 40,7% do genótipo tipo 3 e 5,4% do tipo 2. Esses resultados podem ajudar na definição da melhor terapia a ser ministrada em pacientes na área, reduzindo, em alguns casos, o custo e o tempo de duração do tratamento padrão.


 Imagem estilizada do vírus da hepatite C (Foto: Departamento de Saúde de Nova Gales do Sul/Austrália)

Imagem estilizada do vírus da hepatite C (Foto: Departamento de Saúde de Nova Gales do Sul/Austrália)


Segundo os pesquisadores, os indivíduos infectados pelo genótipo 1 devem ser tratados durante 48 semanas, enquanto os infectados pelos tipos 2 e 3 em somente 24. “A alta freqüência do genótipo 3 observada no Rio Grande do Sul constitui em achado relevante, porque a resposta a interferon alfa [proteína que funciona como um inibidor do vírus] é melhor para esse genótipo do que para os outros, conseqüentemente reduzindo o tratamento anti-viral e os custos”.


Participaram da pesquisa estudiosos de diversas instituições brasileiras, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Instituto de Biotecnologia Aplicada (Florianópolis) e o Instituto Oswaldo Cruz da Fiocruz. Para a análise, foram selecionados, em ambulatórios do Sistema Público de Saúde, um total de 627 pacientes diagnosticados com a doença no Rio Grande do Sul e 917 em Santa Catarina.


“A infecção por hepatite C pode levar a uma substancial sobrecarga na saúde e na economia nos próximos 10 a 20 anos”, afirmam os pesquisadores. “A partir de uma perspectiva da saúde pública, a implementação de testes moleculares como uma parte integrante do diagnóstico e da administração da terapia contra infecções de hepatite C deve ser imperativa”.


Atualmente, a hepatite C é um problema que afeta mais de 170 milhões de indivíduos no mundo todo. O vírus, que tem uma grande variabilidade genética, é classificado em seis tipos diferentes. Os genótipos 1, 2 e 3 circulam em todo o globo, enquanto os 4, 5 e 6 estão restritos a determinadas áreas geográficas. Os pesquisadores explicam no artigo que, em apenas 15 a 20% dos casos de infecção, os pacientes têm uma recuperação espontânea. Mas, na maioria dos casos, a infecção persiste e é clinicamente silenciosa (não apresenta sintomas), podendo causar doenças severas no fígado.

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