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20/12/2011

Estudo explora fatores regionais no consumo precoce de alimentos por crianças

Danielle Monteiro


Apesar de estudos evidenciarem que o aleitamento materno exclusivo (AME) é o melhor tipo de alimentação à criança durante os primeiros seis meses de vida, a prática ainda é pouco adotada no país. De acordo com resultados da 2° Pesquisa Nacional de Aleitamento Materno realizada em 2008 nas capitais brasileiras, somente 41% desse grupo infantil é amamentado exclusivamente durante o período, embora estudos alertem para os malefícios que a alimentação complementar precoce pode causar.


 Estudo avalia fatores regionais envolvidos no consumo prematuro de alimentos diferentes do leite materno. 

Estudo avalia fatores regionais envolvidos no consumo prematuro de alimentos diferentes do leite materno. 





Com o objetivo de conhecer os fatores regionais envolvidos no consumo prematuro de alimentos diferentes do leite materno, pesquisadores do Instituto de Saúde de São Paulo e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizaram um estudo que analisa a influência da região no consumo de alimentos complementares em menores de seis meses residentes nas capitais brasileiras e no Distrito Federal. O estudo foi publicado na edição de novembro da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.



Foram analisados dados de 18.929 crianças da 2° Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras. As frequências do consumo de chá, sucos, leite artificial e mingau/papa foram avaliadas nas capitais das cinco regiões do país. Como possuem o hábito tradicional da ingestão de chá, as cidades do Sul ocuparam posição de destaque no consumo do produto, com razão de prevalência (RP) de 2,37. Já as regiões Nordeste e Sudeste obtiveram a maior razão de prevalência para o consumo de outros tipos de leite (RP = 1,50 e 1,47), revelando resultados preocupantes, já que o Nordeste apresenta o índice mais elevado de mortalidade infantil no Brasil. “São inúmeros os estudos que mostram a associação entre o uso precoce de outros leites e a morbimortalidade infantil. Além disso, sabe-se que a introdução precoce do alimento é um importante determinante do desmame precoce, impedindo que as crianças recebam todos os demais benefícios do aleitamento materno, colocando a criança em risco maior de morbimortalidade”, advertem os pesquisadores.



As regiões ainda se destacaram pelo maior consumo prematuro de suco, com RP de 1,57 no Nordeste e 1,55 no Sudeste. “É interessante observar que as mães que trabalham fora tiveram uma chance maior de oferecer suco antes dos seis meses. Elas têm mais dificuldade em manter o AME e podem estar substituindo algumas mamadas ao seio por refeições com a bebida”, explicam os estudiosos. Nas capitais do Nordeste, o consumo precoce de mingau/papa foi superior (RP = 3,0) ao das demais regiões, sendo também frequente no Norte e Sudeste.



O estudo também aponta que crianças com alimentação complementar a partir dos quatro meses sofreram mais episódios de diarreia e internações por pneumonia do que as que receberam exclusivamente leite materno. “O consumo precoce desses alimentos está associado à obesidade na infância e vida adulta e a doenças alérgicas”, ressaltam os estudiosos. Também foi constatado que outros leites diferentes do materno foram usados com mais frequência em crianças com baixo peso de nascimento, justamente as que mais se beneficiam da amamentação materna exclusiva.



Os dados obtidos confirmam a forte influência regional sobre o consumo precoce de alimentos complementares por crianças com menos de seis meses, indicando a necessidade de estudos mais profundos a respeito, segundo os pesquisadores. “É preciso, contudo, avançar no conhecimento sobre os fatores envolvidos no consumo precoce desses alimentos, para que possamos elaborar estratégias mais efetivas de melhoria do estado de saúde e nutrição da população infantil”, afirmam.



Publicado em 20/12/2011.

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