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12/08/2011

Estudo fornece informações sobre habitat de um dos vetores da doença de Chagas

Renata Moehlecke


Criado em 1943 no município de Bambuí, na região centro-oeste de Minas Gerais, o Centro de Estudos e Profilaxia da Doença de Chagas, hoje pertencente à Fiocruz Minas, tinha como principal objetivo estudar a ocorrência da doença em uma das primeiras localidades no Brasil a apresentar casos nos anos que seguiram a sua descrição científica por Carlos Chagas. Desde aquela época, mesmo com inúmeras investigações destinadas a determinar o habitat natural do Panstrongylus megistus, triatomíneo (barbeiro) considerado um dos principais vetores da doença de Chagas devido a sua alta susceptibilidade ao Trypanosoma cruzi, a origem do inseto nunca tinham sido encontra na área. Em artigo publicado na última edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, pesquisadores da Fiocruz Minas registraram a primeira descoberta de colônias do P. megistus após 69 anos de pesquisas.


 O <EM>P. megistus</EM> gradualmente começou a colonizar lares e se tornou o principal vetor da enfermidade na área, onde persiste em baixas densidades até os dias de hoje

 O P. megistus gradualmente começou a colonizar lares e se tornou o principal vetor da enfermidade na área, onde persiste em baixas densidades até os dias de hoje


Segundo os pesquisadores, na época em que o centro foi fundado, o inseto Triatoma infestans era o principal vetor da doença de Chagas na região. Em 1978, diversas atividades para sua eliminação começaram a ser efetuadas no município. “Bambuí é considerado o município pioneiro no controle do vetor da doença de Chagas nas Américas”, afirmam os estudiosos. “Depois que o T. infestans foi controlado com sucesso, entretanto, o nativo P. megistus gradualmente começou a colonizar lares e se tornou o principal vetor da enfermidade na área, onde persiste em baixas densidades até os dias de hoje”.


Para o estudo, foram verificadas, entre os anos de 2008 e 2010, nove áreas domiciliares próximas a ambientes com vegetação, além de 13 localidades rurais com habitats silvestres, nas quais já haviam sido notificadas a presença de triatomíneos. O foco de P. megistus foi encontrado dentro de uma árvore da espécie Dimorphandra mollis, popularmente conhecida como faveira. Alguns animais foram capturados na área ao redor da colônia a fim de verificar uma possível presença de T. cruzi, mas nenhuma infestação foi detectada.


Os pesquisadores ainda apontam que as baixas taxas atuais de re-infestação e colônias domiciliares de P. megistus indicam que a principal fonte de recolonização é o ambiente silvestre. “O achado sugere que mesmo com uma baixa taxa de infestação em habitas silvestres, a colonização de ambientes domiciliares tem sido ampla por todo o município”, explicam os pesquisadores. “Conclui-se que um programa de vigilância ativa é necessário para conter infestações domésticas”.


Publicado em 10/8/2011.

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