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08/07/2009

Estudo in vitro revela composto com alta atividade e seletividade contra o T. cruzi

Fernanda Marques


Compostos sintéticos com amplo espectro de ação sobre vários parasitos, as diamidinas aromáticas estão tendo seu efeito testado sobre o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Para medir a atividade dos compostos, os pesquisadores utilizam um parâmetro conhecido como IC50, que corresponde à dose capaz de matar 50% dos parasitos: assim, quanto menor o IC50, mais ativo é um composto. Das 11 diamidinas testadas, pelo menos uma delas – identificada como composto 7 – se destacou com atividade satisfatória contra o T. cruzi, em ensaios in vitro. Este é um dos 300 trabalhos que serão apresentados durante o Simpósio Internacional Comemorativo do Centenário da Descoberta da Doença de Chagas, que acontece de 8 a 10 de julho no Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio de Janeiro.


“Observamos que o composto 7 apresenta IC50 de 1 µM (micromolar), contra as formas tripomastigotas de T. cruzi, após 24h de tratamento”, afirma a pesquisadora Anissa Daliry, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), uma das autoras do estudo. “Quando comparado ao benznidazol, que é hoje a droga de escolha para o tratamento da doença de Chagas, o composto 7 é cerca de 11 vezes mais ativo”, compara. O IC50 do composto 7 contra as formas amastigotas (intracelulares) de T. cruzi foi ainda menor (0,3 µM), após 72 horas de tratamento das culturas infectadas pelo parasito.


Os pesquisadores também calcularam o índice de seletividade (IS), que mede o quanto um composto é ativo contra o parasito sem causar dados à viabilidade das células de mamíferos. Para calcular o IS, é necessário, antes, conhecer o LC50, que corresponde à dose necessária para reduzir em 50% a viabilidade das células. O IS é obtido, então, dividindo-se o IC50 pelo LC50: quanto maior esta razão, mais seletiva é a droga sobre o parasita e, consequentemente, menor efeito ela tem sobre a célula hospedeira de mamífero.


“Quando testado em relação aos cardiomiócitos, uma das principais células infectadas pelo T. cruzi, o composto 7 se revelou bastante seletivo contra as formas tripomastigotas e amastigotas do parasito”, afirma Anissa. “De fato, nenhum dos 11 compostos testados no nosso estudo apresentou toxicidade, mesmo nas mais altas doses testadas”, completa. A próxima etapa da pesquisa será testar a atividade e a seletividade dos compostos em experimentos com camundongos. A equipe também visa elucidar o mecanismo de ação das diamidinas aromáticas, contribuindo, assim, para o desenho racional de novos compostos cada vez mais eficientes contra os parasitos.


Publicado em 8/7/2009.

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