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06/12/2010

Estudo indica alta prevalência de fraturas vertebrais assintomáticas em idosas no Sul

Renata Moehlecke


A fratura de coluna vertebral, quando relacionada à fragilidade óssea, tende a ser uma manifestação comum em mulheres com idade superior a 45 anos. Cerca de 30% das fraturas não costumam acarretar em dor nas costas, não sendo a solicitação de radiografia, assim, uma medida rotineira para o rastreamento do problema. Estima-se que somente 25% das fraturas vertebrais sejam diagnosticadas. Com base nesta premissa, pesquisadores do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro verificaram a ocorrência de fraturas devido à fragilidade óssea entre 186 idosas de mais de 60 anos residentes da cidade de Chapecó, em Santa Catarina. A pesquisa apontou que 48,9% das mulheres consultadas apresentaram fraturas vertebrais assintomáticas e que a prevalência de fraturas é 2,3 vezes maior entre as com idade superior a 80 anos e 1,57 vezes mais alto em mulheres sedentárias.


 A ocorrência de fraturas vertebrais é a mais comum e precoce relacionada à osteoporose, representando um risco aumentado novas fraturas, como as de quadril e antebraço e de desabilidades diárias

A ocorrência de fraturas vertebrais é a mais comum e precoce relacionada à osteoporose, representando um risco aumentado novas fraturas, como as de quadril e antebraço e de desabilidades diárias


“O presente estudo demonstrou que, em regiões ao ul do Brasil, parecer haver alta prevalência de fraturas vertebrais. Pelas características geográficas, culturais e climáticas da região, já esperávamos que o resultado fosse diferente do até então relatado em outros estudos nacionais”, destacam os pesquisadores, em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. “Tanto a alta prevalência como a variação regional reforçam a ideia da necessidade de políticas privadas adaptáveis para cada população”.  


Os resultados também indicaram que o uso de terapia de reposição hormonal por tempo superior a um ano foi referido por 24,7% das entrevistadas; de cálcio suplementar, por 37,1%, e de glicocorticóides por tempo superior a três meses, por 9,7%. Dentre outros fatores de risco para fragilidade óssea, 14% tinham familiares de primeiro grau com história de fratura de quadril; 24,2% tinham história pessoal de fraturas prévias em diversos sítios, exceto coluna vertebral; 21,5% diziam ter diagnóstico de osteoporose; 1,6% tinha baixo peso; 14,5% eram tabagistas e 33,3% eram sedentárias.


“As mulheres com evidência radiográfica de fratura vertebral tinham maior tempo de menopausa do que as sem fraturas, possivelmente por aquelas serem mais velhas”, comentam os pesquisadores. “Quanto ao consumo alimentar de cálcio, não obstante a orientação padrão ser acima de 1,2 mil mg/dia, o fato de nenhuma mulher ter referido consumo superior a 600mg/dia foi fator de surpresa, principalmente levando-se em conta o PIB per capita da cidade, superior a maioria dos municípios brasileiros. Mesmo com essa deficiência alimentar e com história de fraturas prévias por fragilidade, apenas uma parcela da população fazia uso de suplementos de cálcio”.


Segundo os pesquisadores, a ocorrência de fraturas vertebrais é a mais comum e precoce relacionada à osteoporose, representando um risco aumentado novas fraturas, como as de quadril e antebraço, de desabilidades diárias e de redução na qualidade de vida. “Levando-se em conta que a presença dessas fraturas é facilmente identificada em exame complementar de baixo custo e risco, sugerimos a realização de radiografia simples de coluna torácica e lombar para mulheres a partir dos 60 anos como método para a prevenção secundária de agravos relacionados a fraturas por fragilidade óssea. A radiografia é aconselhável também em regiões onde a realização de rastreamento precoce por outros métodos for dificultada pelo valor do exame ou pela distância do centro de referência, devendo-se iniciar tratamento adequado se for constatada a doença”.


Publicado em 30/11/2010.

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