Início do conteúdo

07/02/2008

Estudo indica alta prevalência de sedentarismo em adultos e idosos

Renata Moehlecke


Cada vez mais a expectativa de vida brasileira aumenta e, conseqüentemente, a necessidade de fazer atividades físicas, a fim de manter uma vida longa, plena e livre de doenças. No entanto, especialistas concluíram que a prevalência de sedentarismo ainda é elevada no Sul e no Nordeste: 31,8% dos adultos e 58% dos idosos dessas regiões não praticam atividades físicas. O estudo, feito por pesquisadores das universidades Federal e Católica de Pelotas (RS) e pela Secretaria de Saúde do município, foi publicado na edição de janeiro do periódico científico Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz.


 No Sul, os idosos que obtiveram prescrição para a prática de atividade física apresentaram, em relação aos que não receberam, proteção para o sedentarismo (Foto: Agência Aids) 

No Sul, os idosos que obtiveram prescrição para a prática de atividade física apresentaram, em relação aos que não receberam, proteção para o sedentarismo (Foto: Agência Aids) 


“No Brasil, o sedentarismo apresenta alta prevalência causando custos elevados, tanto diretos quanto indiretos, para o sistema de saúde”, afirmam os estudiosos. “Diminuir o sedentarismo e promover estilos de vida mais saudáveis, com a participação da atenção básica à saúde e de seus profissionais, pode representar um grande impacto na melhoria dos índices de saúde populacional e nos custos relacionados à gestão dos serviços”.


Para a pesquisa, foram avaliados 4.060 adultos (de 30 a 64 anos) e 4.003 idosos (65 anos ou mais) de 41 municípios de 100 mil ou mais habitantes de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí. Todos os indivíduos selecionados residiam em áreas de abrangência de unidades básicas de saúde. A análise teve como base uma versão curta do Questionário Internacional de Atividade Física (Ipaz), que verifica os exercícios realizados no tempo de lazer, no deslocamento de um lugar para outro, nos serviços domésticos e em atividades ocupacionais. Os estudiosos consideraram que 150 minutos de atividades ou menos por semana atribuíam ao indivíduo a classificação de sedentário.


A prevalência de sedentarismo foi significativamente maior no Nordeste, para ambas as faixas etárias. A pesquisa também verificou que a falta de exercícios físicos foi significativamente mais freqüente entre os homens, em comparação às mulheres, sendo as diferenças marcantes entre os adultos e de pequena magnitude entre os idosos. Baixa renda familiar constituiu fator de risco para o sedentarismo em adultos e idosos. A escolaridade foi observada como aspecto determinante somente entre a terceira idade.


“O percentual dos indivíduos que classificou a atividade física como um dos três comportamentos mais importantes para a manutenção da saúde foi de 61% entre os adultos e 74% entre os idosos”, afirmam os especialistas. Eles também apontam que, no Nordeste, os adultos que identificaram a necessidade de exercícios para a manutenção da saúde foram os que apresentaram maiores tendências para sedentarismo.


Dos adultos consultados, 76,1% receberam prescrição de exercícios na unidade básica de saúde no último ano. Apenas 30,3% dos idosos tiveram a mesma recomendação. Além disso, os estudiosos destacam que, no Sul, os idosos que obtiveram prescrição para a prática de atividade física apresentaram, em relação aos que não receberam, proteção para o sedentarismo.


Os pesquisadores explicam que, embora as pessoas tenham consciência da importância de fazer exercícios com regularidade, a prescrição de atividades físicas em unidades básicas de saúde ainda é insuficiente para promover mudanças comportamentais ligadas à prática. “São necessários projetos e ações estruturadas e participativas entre os profissionais e população, além de investimentos por parte da atenção básica brasileira, com objetivo de qualificar e reorganizar o sistema, para melhor atender a população, promovendo a saúde desta no que refere à prática de atividade física e a conseqüente diminuição do sedentarismo”, concluem.

Voltar ao topo Voltar