22/03/2010
Renata Moehlecke
Em estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas concluíram que sintomas articulares crônicos apresentam alta prevalência em adultos e não somente idosos. Nos 2.953 indivíduos entrevistados, com 20 anos ou mais, a prevalência geral encontrada foi de 36,5% (42,4% nas mulheres e 28,7% nos homens). A pesquisa ainda investigou a presença de dor, edema ou rigidez articular. A tríade foi relatada por 14,1% das mulheres e 5,5% dos homens.
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Mais da metade dos indivíduos tinham histórico familiar de artrite ou reumatismo e que o aumento da idade, do IMC e menor escolaridade se mostraram associados aos sintomas articulares crônicos (Foto: Antonio Chagas) |
“Este é o primeiro estudo transversal brasileiro de base populacional realizado com o objetivo específico de avaliar sintomas articulares crônicos em indivíduos a partir dos 20 anos de idade”, afirmam os pesquisadores no artigo, que, além de verificar a prevalência, avaliaram fatores associados à enfermidade. Os resultados também apontaram que mais da metade dos indivíduos tinham histórico familiar de artrite ou reumatismo e que o aumento da idade, do índice de massa corporal (IMC) e menor escolaridade se mostraram associados aos sintomas articulares crônicos.
“Com o avanço da idade, a prevalência da enfermidade aumentou, independentemente do sexo, mas é importante salientar que, na faixa etária dos 20 aos 29 anos, 16,3% dos homens e 21,4% das mulheres apresentaram sintomas articulares crônicos”, comentam os pesquisadores. Apresentar sobrepeso acarretou em um aumento de 13% na prevalência de sintomas articulares crônicos e ter obesidade 61%, quando comparados com indivíduos de IMC normal. Quanto à escolaridade, mulheres com até 4 anos de estudo tiveram uma prevalência 86% maior de sintomas articulares crônicos comparadas às com 13 anos ou mais de escolaridade.
Além disso, somente 6% dos homens e 18% das mulheres relataram diagnóstico médico de artrite. “As prevalências gerais de limitações para atividades da vida diária e para atividades laborais, secundárias a sintomas articulares crônicos, foi de 15% e 21%, respectivamente”, destacam os pesquisadores. “Ainda é necessário que outros estudos avaliem este tipo de abordagem para rastreamento e diagnóstico precoce de doenças articulares crônicas prevenindo assim incapacidades, uma vez que parcela importante da população – homens e jovens – é subdiagnosticada”.
Publicado em 19/3/2010.