Início do conteúdo

08/12/2011

Estudo indica aumento populacional de índios xavante na região central do Brasil

Danielle Monteiro


Um estudo que investiga as características demográficas dos índios xavante de Mato Grosso, na região central do país, revela resultados otimistas. Publicada na edição de outubro da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, a pesquisa, primeira a analisar a demografia dos xavante como um todo, aponta significativo crescimento populacional do grupo indígena. Os resultados, coletados a partir de censos domiciliares e da coleta de estatísticas vitais (nascimentos e mortes), mostram que, durante o período, a população total de xavantes subiu de 9.642 para 11.988, o que indica uma taxa anual de crescimento de 4,4%. O crescimento natural e a diferença entre nascimentos e mortes são os principais fatores do aumento populacional.


 Índios xavante promovem manifestação em favor de demarcação de terras

Índios xavante promovem manifestação em favor de demarcação de terras


Pimentel Barbosa foi a reserva que obteve a maior taxa de crescimento da população por ano (5,2%). Já as vilas de São Marcos e Sangradouro-Volta Grande apresentaram o menor índice de aumento populacional anual (3,9%). Os pesquisadores indicam como possível motivo do crescimento populacional dos xavante a implementação do novo sistema de saúde destinado aos povos indígenas no Brasil a partir de 1999, sob a coordenação da Fundação Nacional da Saúde (Funasa).


A reserva de Parabubure, que em 2004 detinha 40% do total da população do grupo indígena, apresentou a maior taxa de crescimento no número de vilas (25), juntamente com Sangradouro-Volta Grande (16) e São Marcos (12). Durante o período estudado, o número total de vilas pertencentes ao grupo indígena pulou de 98 para 160. “Novos fatores podem estar estimulando a divisão de vilas, como a recuperação da população e políticas governamentais”, explicam os pesquisadores. Quanto ao número de nascimentos da população total, foi constatada uma real tendência de declínio entre o começo e o final do período estudado, já que a taxa de natalidade a cada mil habitantes caiu de 61.2, entre 1999 a 2001, para 57.3, entre 2002 e 2004, apresentando queda de quase 6%.


A pesquisa também constatou redução quanto à fertilidade das mulheres xavante. A taxa de fertilidade total – TFT (estatística que representa o nível de fertilidade de acordo com a média de números de crianças nascidas vivas para cada mulher em idade reprodutiva) caiu de 8.5 para 7.1 crianças por mulher entre os períodos de 1999 a 2001 e 2002 a 2004. Com exceção de Pimentel Barbosa, que teve a maior TFT (10.1) entre 1999 e 2004, todas as reservas apresentaram declínio na fertilidade, em todas as faixas etárias, entre o primeiro e o segundo período de três anos.


Já a taxa de mortalidade na população xavante declinou de 12,7 para 10,4 para cada mil habitantes entre 1999 a 2001 e 2002 a 2004. A reserva de Areões apresentou o índice mais alto (13.5) a cada mil habitantes e Marechal Rondon obteve o menor índice (7.4). Os resultados também apontam uma tendência ao declínio da mortalidade infantil no grupo indígena, cuja taxa média no período foi de 96,7 a cada mil habitantes, caindo de 103,3 mortes, de 1999 a 2001, para 89,8 óbitos de 2002 a 2004. No entanto, segundo os pesquisadores, embora a taxa de mortalidade tenha diminuído, o índice ainda é elevado e supera taxas de óbitos entre crianças de outros grupos raciais no país. “A taxa de mortalidade infantil em todo o Brasil em 2000 foi de 29,6 a cada mil habitantes e para a Região Centro-Oeste foi de 21,2. Essas diferenças consideráveis refletem disparidades no campo da saúde que têm sido constatadas em populações indígenas em comparação com as não indígenas”, alertam os estudiosos.


Publicado em 8/12/2011.

Voltar ao topo Voltar