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19/11/2007

Estudo indica prejuízos da nicotina na gravidez

Fernanda Marques


A nicotina – um dos agentes tóxicos presentes no cigarro – pode ser prejudicial à gestação, mesmo em dose baixa. É o que indica um estudo realizado com ratas no Laboratório de Toxicologia e Experimentação Animal da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, em Erechim (RS). A pesquisa é um dos trabalhos que serão apresentados no 15º Congresso Brasileiro de Toxicologia.


O estudo, do tipo caso-controle, testou a exposição das ratas à nicotina em três momentos diferentes da gestação: na fase inicial (quando o embrião se implanta no útero); na organogênese (quando tecidos e órgãos rudimentares estão em formação); e na fase fetal (quando o feto ganha peso e maturação fisiológica). A nicotina, em dose inferior a de um cigarro, foi injetada por via subcutânea. As ratas expostas durante a organogênese foram as mais afetadas pela substância. Ao final da gestação, essas ratas apresentaram redução do peso corporal e do peso de fígado e rins.


A nicotina é metabolizada principalmente no fígado, mas também nos rins e pulmões. Dessa forma, a alteração encontrada no fígado e nos rins das ratas sugere que esses órgãos foram alvo da ação tóxica da nicotina. Nos animais expostos à substância durante a organogênese, também se verificou diminuição do peso das placentas. “Esta alteração pode prejudicar o aporte sangüíneo e de oxigênio para o feto”, diz a toxicologia Sandra Macedo, uma das autoras da pesquisa.


Chicletes e adesivos transdérmicos à base de nicotina têm sido recomendados em tratamentos para o abandono do hábito de fumar. Esses produtos não requerem prescrição médica, mas deveriam ser usados com mais cautela por mulheres em idade fértil. “Os resultados da nossa pesquisa sugerem que a nicotina pode provocar prejuízos durante a organogênese, que, em seres humanos, ocorre entre a terceira e a oitava semana de gestação, fase em que muitas mulheres ainda não descobriram que estão grávidas. Dessa forma, o uso dos chicletes e adesivos de nicotina por essas mulheres poderia representar um risco”, diz Sandra. Contudo, a pesquisadora enfatiza: “Extrapolar os resultados com animais para humanos é sempre complicado”.

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