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02/08/2016

Estudo investiga epidemia de cólera-morbo em Pernambuco em 1855

Blog da revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos


Em 1855, aportou em Belém, vindo da cidade portuguesa do Porto, o navio Defensor, trazendo consigo o cólera-morbo.

Caracterizada por uma diarreia aguda, a doença matava rapidamente, após um processo de desidratação e perda de peso que conferia aos pacientes uma aparência esquelética, com olhos afundados e cor da pele azulada.

Um caso real de cólera. Publicado por G. Tregear, 1832, Londres
 

A intensificação do comércio marítimo espalhara o cólera-morbo, originário da Índia, por quase todo o globo. Em poucos meses, havia doentes em todas as províncias do Norte e Nordeste do Brasil, e também no Rio de Janeiro, capital do Império.

O Conselho de Salubridade Pública buscava identificar os doentes, providenciar quarentena aos suspeitos de contaminação e realizar a desinfecção dos navios e de todo tipo de material com os quais as tripulações tivessem tido contato, como alimentos, roupas e objetos. Também era preciso sanar os problemas de insalubridade das cidades. Entre as medidas preventivas estavam o aterro dos pântanos, a limpeza, desinfecção e ordenação do espaço urbano e a educação do povo.

O agente patogênico do cólera-morbo, seus princípios de comunicação e terapêuticas eficazes eram ignorados. No artigo Um imenso campo mórbido: controvérsias médico-científicas sobre a epidemia de cólera-morbo de 1855, publicado na edição atual de HCS-Manguinhos (vol.23 no.2 Rio de Janeiro abr./jun. 2016), Luciana dos Santos, professora do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco, examina a epidemia que atingiu a província de Pernambuco em 1855, focalizando as controvérsias médico-científicas que giraram em torno da definição dos princípios de comunicação da moléstia e dividiram as opiniões médicas entre duas concepções distintas: o contágio e a infecção.

São analisados documentos e relatórios produzidos pela Sociedade de Medicina de Pernambuco e pelo Conselho Geral de Salubridade Pública que permitem descrever o programa médico-sanitário oficial formado por engenheiros, cientistas e médicos com o objetivo de construir um projeto de cidade salubre – modelo de civilização que integra a remodelação do espaço urbano e a disseminação de novos hábitos entre a população.

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