Início do conteúdo

25/08/2009

Estudo investiga fatores associados ao câncer de cérebro

Informe Ensp


Embora seja raro - com cerca de 2% do conjunto de casos -, o câncer de cérebro vem aumentando em várias partes do mundo. No Brasil, as mortes por este tipo de câncer já estiveram em oitavo lugar entre as neoplasias, representando 4% dos casos, em 2006. Uma pesquisa sobre os fatores que podem contribuir para esse aumento será apresentada no Congresso da Sociedade Internacional de Epidemiologia Ambiental, que será realizado em Dublin, na Irlanda, de 25 a 29 de agosto. O estudo faz parte da tese de doutorado da pesquisadora Gina Torres Rego Monteiro, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).


 No Brasil, as mortes por câncer de cérebro já estiveram em oitavo lugar entre as neoplasias. Imagem: Senado Federal 

No Brasil, as mortes por câncer de cérebro já estiveram em oitavo lugar entre as neoplasias. Imagem: Senado Federal 


De acordo com a pesquisadora, a etiologia dos casos de câncer no cérebro é complexa e ainda pouco conhecida. Há uma linha de pesquisa sobre fatores potencialmente associados ao desenvolvimento dessa neoplasia, tais como alimentação, uso de determinados medicamentos e exposição a substâncias químicas. Porém, ainda não se sabe ao certo o que provoca o crescimento da doença e do número de mortes. "Quando falamos em mortalidade, o câncer no cérebro já se encontra entre as dez primeiras causas de óbito por neoplasias, embora seja muito raro, com cerca de 4% dos casos. Os números estão crescendo e não há nenhuma etiologia comprovada", afirma Gina.


Em sua tese de doutorado, a pesquisadora desenvolveu um estudo de caso-controle, no qual entrevistou 238 pessoas com câncer de cérebro e um grupo hospitalizado por outros motivos, para verificar se o conjunto de fatores apontados pela literatura tinha uma maior incidência nos pacientes com a doença. "A maior associação detectada pelo estudo foi a exposição a solventes, mas esta era uma informação autorreferida e com número pequeno de casos. Outra associação observada foi a história pregressa de trauma na cabeça. Nós perguntamos se o fato de ter tido um traumatismo craniano, que seria uma causa física, estaria relacionado ao desenvolvimento de um tumor a longo prazo. A literatura sobre essa associação é controversa, mas alguns estudos a detectaram", observa a pesquisadora.


Segundo Gina, do ponto de vista histopatológico, há dois grandes grupos de câncer no cérebro. Um deles é o das meninges, que são tumores na membrana que envolve o cérebro, e o outro é o dos gliomas, que acontecem nos tecidos de sustentação do cérebro. "Os traumas estão mais associados à camada mais externa ao cérebro, ou seja, às meninges. Todo câncer tem a ver com reprodução de células. Dessa forma, quando há um trauma, o corpo tem que repor aquelas células mortas e é possível que alguma delas se torne cancerígena. Encontramos outros trabalhos que associam esses fatores".


Serão apresentados no congresso na Irlanda dois trabalhos desenvolvidos a partir do estudo principal. Um aborda a dieta na adolescência e o outro, a história ocupacional, analisando diferentes grupos. Gina apresentará, ainda, um estudo sobre a prevalência de diabetes nos policiais militares de Teresina (PI). O tema do congresso este ano é Alimentação, ambiente e saúde no mundo e o evento abordará questões de epidemiologia.



Publicado em 24/08/2009.

Voltar ao topo Voltar