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26/03/2010

Estudo investiga prevalência de ideação, planos e tentativa de suicídio

Renata Moehlecke


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos últimos 45 anos, o número de mortes por suicídio aumentou em 60%. No Brasil, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de mortes ultrapassou 8 mil em 2005, o que coloca o país entre os dez com maior número de suicidas. Com base nessas informações, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) estimaram a prevalência do comportamento suicida em 515 habitantes, maiores de 14 anos, da área urbana da cidade, localizada no Estado de São Paulo. Os resultados apontaram que, ao longo da vida, 17,1% dos indivíduos consultados já tiveram a ideia de cometer o suicídio, 4,8% fizeram planos para o ato e 2,8% revelaram terem feito tentativas.


 

 Quadro <EM>Suicídio</EM>, de Édouard Manet

Quadro Suicídio, de Édouard Manet


“A prevalência de ideação suicida, ao longo da vida, foi mais frequente entre as mulheres, em adultos de 30 a 44 anos e nos que vivem sozinhos (solteiros, viúvos, desquitados e separados), bem como entre espíritas e os de maior renda”, comentam os pesquisadores em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. “O relato de ter feito um plano suicida ao longo da vida foi mais frequente entre as mulheres, em adultos de 30 a 44 anos, em donas-de-casa e indivíduos que se declararam espíritas”.


Com relação às tentativas de suicídio, as mulheres se mostraram mais propensas a cometer o ato. Das 16 pessoas que relataram já ter tentado, 14 eram do sexo feminino. Além disso, apenas uma em cada três pessoas que tentaram se suicidar chegou a ser atendida em um serviço médico de emergência. “A procura por um serviço médico, após a tentativa de suicídio, depende de vários fatores, entre os quais o grau de gravidade da autoagressão, o acesso e a confiança no sistema de saúde, o estigma da população em relação ao comportamento suicida e o medo da criminalização do ato”, explicam os pesquisadores.


De acordo com os estudiosos, os dados da pesquisa também confirmaram a ideia de que apenas uma parcela das pessoas que efetuaram a tentativa tinha o desejo verdadeiro de se matar. “Comumente, mesmo em casos de alta fatalidade, o ato é marcado por ambivalência em relação a viver ou morrer, adquirindo o caráter de externalização da dor psíquica, ou de um pedido de ajuda”, afirmam os pesquisadores. “Tendo em vista futuras estratégias de prevenção, é essencial coletar, diretamente na comunidade, informações sobre o comportamento suicida, aprender um pouco mais sobre a ‘parte submersa’ do iceberg que representa uma gama de comportamentos que não são registrados pelos serviços de saúde”.


Publicado em 24/3/2010.

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