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26/03/2007

Estudo para aperfeiçoar vacina contra a febre amarela começará uma nova fase

Paula Lourenço


O estudo epidemiológico e laboratorial em pessoas imunizadas contra a febre amarela, que está em desenvolvimento no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, com o objetivo de aperfeiçoar a vacina contra a doença, iniciará em maio uma nova fase: o recrutamento de voluntários vacinados contra a enfermidade há cinco anos e há dez anos. A pesquisa, que visa à resposta imunológica dos indivíduos, fazendo o mapeamento de epítopos em células T, faz, assim, um corte transversal, ou seja, uma etapa retrospectiva do estudo para avaliar o grau de eficácia da vacina (resposta imunológica) para a febre amarela. Atualmente, a imunização de quem toma a vacina é estimada em dez anos.


 Coleta de embriões para a produção de vacina contra a febre amarela (Foto: Peter Ilicciev)

Coleta de embriões para a produção de vacina contra a febre amarela (Foto: Peter Ilicciev)


Para a fase nova será necessária a participação de 20 pessoas imunizadas há cinco anos e outras 20 que tomaram a vacina há dez anos. De acordo com a pesquisadora Eduarda Cesse, do Departamento de Saúde Coletiva do CPqAM, os voluntários serão selecionados aleatoriamente, com base no banco de dados do posto de vacinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Aeroporto Internacional dos Guararapes – Gilberto Freyre, no Recife. Os participantes doarão sangue para que, no Laboratório de Virologia e Terapia Experimental do CPqAM, seja feita uma análise da resposta imunológica de cada pessoa à vacina. Os pesquisadores vão observar o nível dessas respostas protetoras produzidas pelos linfócitos B e T.


Antes de começar a fase retrospectiva haverá uma ampliação de 240 para 260 voluntários na primeira etapa da pesquisa. Essa é feita com voluntários que não tinham tomado a vacina anteriormente e que precisaram se imunizar no posto de saúde do aeroporto por motivo de viagem ou por trabalhar naquele local.


Segundo Eduarda, a revisão no número de participantes da pesquisa ocorreu porque o trabalho exige colaboração por um longo período e algumas pessoas podem desistir durante a execução do projeto, cuja duração é de quatro anos. “Estamos diante de um estudo longitudinal. É muito possível que haja perdas de voluntários ao longo do tempo, por mudança de residência do Recife para outros municípios não incluídos no estudo ou pela própria disponibilidade, na participação do projeto. O desafio da pesquisa é que não trabalhamos com o indivíduo doente, como é o caso do dengue”, argumentou. “Por isso, estamos ampliando, para chegarmos ao fim do estudo com uma mostra próxima do que imaginávamos, de 240 pessoas”, esclareceu.


A vacina da febre amarela não tem sua fórmula alterada desde a época da Revolta da Vacina, no início do século 20. Apenas o método de produção mudou.

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