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22/06/2011

Estudo pioneiro descreve a fratura osteoporótica de fêmur

Renata Moehlecke


A fratura de fêmur é a consequência mais séria da osteoporose para os idosos, devido à necessidade de hospitalização, possibilidade de mortalidade e ao custo que causa. Atualmente, estudos nacionais não revelam a real prevalência da doença no Brasil e nem a incidência de fraturas do tipo. Com base nessa lacuna, pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) conduziram uma pesquisa pioneira que descreveu a situação da fratura osteoporótica de fêmur em idosos de mais de 60 anos no país. Os resultados, publicados na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, indicaram que 1% dos idosos internados no Brasil apresenta esse tipo de fratura como diagnóstico principal e que a proporção do desfecho morte aumentou com o avanço da faixa etária nos anos avaliados (2006 a 2008).


 Os dados também apontaram que os gastos com o tratamento das fraturas foram de aproximadamente 2% do total das despesas do SUS para pessoas com mais de 60 anos

Os dados também apontaram que os gastos com o tratamento das fraturas foram de aproximadamente 2% do total das despesas do SUS para pessoas com mais de 60 anos


Segundo os pesquisadores, o percentual de idosos internados no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou de uma forma geral em todo o Brasil, mas o maior incremento de casos de fratura do fêmur foi registrado no Tocantins e a maior queda de ocorrências no Amazonas. O maior percentual de óbitos para idosos internados com o problema aconteceu na região sudeste. “A proporção de internações por fratura de fêmur foi maior para o sexo feminino nos três anos estudados para o Brasil e suas grandes regiões”, afirmam os estudiosos. “Os percentuais de óbitos e as taxas de mortalidade para o Brasil evidenciam que as mulheres internadas por fratura de fêmur apresentaram maior risco de óbito do que os homens”.


Os dados também apontaram que os gastos com o tratamento das fraturas foram de aproximadamente 2% do total das despesas do SUS para pessoas com mais de 60 anos. Os gastos destas internações com UTI aumentaram ao longo dos anos estudados, somando pouco mais de R$ 1,6 milhão de reais em 2006, de R$ 2,2 milhões em 2007 e quase R$ 3,2 milhões em 2008. Nesse último ano analisado, mais de 60% das internações de idosos pelo problema no país duraram cerca de uma semana e a proporção de idosos que precisou se internar fora do município de residência chegou a 42,7% no SUS. É válido ressaltar que 50,1% das internações ocorreram em hospitais filantrópicos.


“A duração das internações de idosos por fraturas de fêmur de um a sete dias em mais de metade dos casos aliada ao elevado percentual de alta hospitalar ilustram a deficiência em relação à continuidade do cuidado”, comentam os pesquisadores. “Mesmo que a internação tenha resultado em cirurgia, seria necessário encaminhar o paciente para reabilitação e o tratamento clínico da osteoporose, com objetivo de evitar a ocorrências de novas fraturas. Por isso, muito provavelmente, os pacientes idosos que fraturaram o fêmur e procuraram atendimento em hospitais públicos ou conveniados ao SUS deixaram os leitos hospitalares para voltarem para casa sem a garantia de uma assistência adequada”.


Publicado em 20/6/2011.

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