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27/04/2012

Estudo sobre vacinas de DNA contra a dengue ganha o chamado 'Oscar da Saúde'

Isadora Marinho


Um estudo sobre vacinas de DNA contra a dengue desenvolvido pelo Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia de Infecções Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) acaba de ganhar o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS de 2011, na categoria tese de doutorado. O “Oscar da Saúde” – como é chamado pelo Governo Federal – foi o primeiro prêmio científico do IOC em 2012. O trabalho é de autoria de Adriana Azevedo e foi desenvolvido durante a pós-graduação stricto sensu em biologia celular e molecular, sob a orientação da pesquisadora Ada Alves. A entrega do prêmio ocorreu em 16 de abril, em Brasília, durante a abertura do Encontro com a Comunidade Científica 2012. Na ocasião, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou a importância da iniciativa no contexto das diretrizes políticas na área de pesquisa em saúde. “O país tem as mentes e os meios para produzir e até mesmo exportar conhecimento na área de saúde, e, por isso, precisamos prestigiar nossos pesquisadores”, declarou.


 As pesquisadoras Ada Alves e Adriana Azevedo criaram uma estratégia vacinal contra a dengue que se mostrou 100% eficaz em ensaios pré-clínicos

As pesquisadoras Ada Alves e Adriana Azevedo criaram uma estratégia vacinal contra a dengue que se mostrou 100% eficaz em ensaios pré-clínicos





A tese, intitulada Desenvolvimento de vacinas de DNA contra o vírus da dengue baseadas na proteína do envelope viral, foi escolhida dentre 98 concorrentes. Dois enfoques orientam o projeto. O primeiro é o desenvolvimento de duas vacinas de DNA contra a dengue, batizadas de pE1D2 e de pE2D2. O segundo consiste na combinação da pE1D2 com uma estratégia vacinal diferente: o vírus quimérico febre amarela/dengue, desenvolvido pelo grupo do pesquisador Ricardo Galler, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz). “A pE1D2 se mostrou bem protetora, mas quando combinamos as duas estratégias tivemos 100% de proteção nos ensaios pré-clínicos e uma resposta imunológica mais rápida. É uma metodologia inovadora e criada aqui na Fiocruz, com pedido de patente já depositado no Brasil e no exterior”, explicou Adriana.


De acordo com a orientadora e chefe do laboratório responsável, Ada Alves, o prêmio é uma ótima notícia. “Adriana vem se dedicando a esse estudo promissor por muito tempo e é importante que pesquisadores sejam reconhecidos e recompensados pelo seu esforço. Isso inspira mais interesse e mais dedicação”, disse. As pesquisadoras estimam que, até o final do ano, os testes em primatas sejam iniciados.


Para Adriana, "o projeto trouxe uma grande perspectiva, que é o desenvolvimento de um imunizante no território nacional, com abordagem essencialmente brasileira: a construção de uma vacina de DNA, que gerou resultados bastante promissores em testes pré-clínicos. Além disso, nós combinamos essa vacina de DNA com uma outra estratégia vacinal, que é o vírus quimérico (febre amarela e dengue). Essa combinação fomos nós, brasileiros, que fizemos. Agora estamos caminhando para testes em primatas. Este trabalho também está no portfólio da Fiocruz, como prospecção de parcerias".


A ganhadora afirmou que o projeto "tem um futuro, ainda mais agora, com o desenvolvimento de ciência e tecnologia no país. Espero que vá para frente e traga para o SUS, para a nossa população, um ganho. Porque não existe até hoje uma vacina contra a dengue comercialmente disponível. Então uma vacina contra a dengue vai impactar fortemente no SUS. E eu fico muito feliz que a minha tese de doutorado tenha sido premiada”.


Publicado em 20/4/2012.

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