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13/05/2021

Evento debate vacinação contra a Covid-19 no Brasil e no Canadá

Javier Abi-Saab (Agência Fiocruz de Notícias)


As ameaças das novas variantes da Covid-19 estão na cabeça de todos e, tendo um caráter essencialmente global, a pandemia não estará resolvida em nenhuma parte até estar resolvida em todas partes. Esta foi uma das conclusões expostas durante o webinar Brasil/Canadá - Estratégias de vacinação e enfrentamento às novas variantes, evento cuja proposta foi comparar as abordagens tomadas por ambos os países para a contenção da Covid-19. O webinar, organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Canadá, contou com a participação dos especialistas: Claude Pirmez, pesquisadora da Fiocruz; Dale Kalina, médico infectologista do Hospital Joseph Brant, no Canadá; e Eric Marcusson, cofundador da Providence Therapeutics, empresa que está atuando no desenvolvimento de uma vacina canadense.

Evento comparou as abordagens tomadas pelo Brasil e Canadá para a contenção da Covid-19 (imagem: Divulgação)
 
 

Marcusson iniciou o webinar ressaltando as particularidades das vacinas do tipo mRNA, tecnologia que existe já faz um tempo, mas que ganhou uma relevância maior recentemente, sendo uma das principais alternativas para a Covid-19. Para Marcusson, dentre as vantagens deste tipo de vacina estariam: a velocidade, a eficácia e a facilidade de modificação, podendo ser mais facilmente adaptável para o enfrentamento de novas variantes. Segundo o especialista, além da Covid-19, a plataforma tecnológica mRNA poderá ser utilizada para o desenvolvimento de vacinas eficazes para outras doenças, como zika, dengue, entre outras.    

Dale Kalina destacou que, diferente do Brasil, o Canadá tem investido pouco na pesquisa e desenvolvimento de uma vacina nacional assim como na produção dentro do país. A principal estratégia tem sido a compra de uma alta quantidade de vacinas de diversos fabricantes. A quantidade de doses compradas é muito superior à necessária pela população canadense, isto porque, mesmo gastando mais, o país decidiu garantir a chegada da vacina o antes possível. Kalina ressaltou que a quantidade extra permite melhorar a velocidade da imunização no país, mas também permite ao Canadá entrar com peso em iniciativas de colaboração internacional como a Covax Facilities.

Em relação à abordagem brasileira, Pirmez destacou a importância histórica do Programa Nacional de Imunizações (PNI) que tem contado com a indispensável participação de duas instituições públicas produtoras de vacinas: a Fiocruz e o Instituto Butantã. Essas duas instituições têm tido um papel complementar e não competitivo, o qual vem trazendo enormes benefícios para a saúde pública do país. Em relação à Covid-19, o Instituto Butantã entregou, até 13 de maio deste ano, 46 milhões de doses da vacina, enquanto que a Fiocruz já disponibilizou 30 milhões de doses. Pirmez lembrou que a Fiocruz está trabalhando para produção de vacinas com IFA nacional para o segundo semestre de 2021, o que dará uma maior autonomia ao país e possibilitará o apoio a nível internacional.  

Ambos especialistas concordaram na importância de manter a vigilância sobre as variantes. “Vai ter novas variantes, especialmente em áreas onde não há controle da doença”, afirmou Kalina. Pirmez complementou afirmando que a vacinação é uma boa estratégia porque não só diminui o risco de hospitalização, mas também a taxa de difusão da doença, o que reduz as possibilidades de desenvolvimento novas variantes. Também foi destacado o particular momento da pesquisa e inovação, assim como da colaboração, o que vai além do desenvolvimento das vacinas. “Se podemos falar de algo bom desta pandemia é ter aberto as portas para imensas oportunidades de colaboração entre a ciência, a política e a sociedade” afirmou Pirmez, para quem Covid-19 tem transformado a forma em que as pessoas contribuem e se relacionam com a ciência. 

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