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09/12/2010

Evento promove intercâmbio de conhecimentos sobre diversidade microbiana e microbiologia ambiental

Ana Paula Gioia Lourenço


Estimular a interação entre pesquisadores, estudantes e gestores na área de saúde e de ciência e tecnologia, promovendo a troca de conhecimentos no campo da diversidade microbiana e microbiologia ambiental da Região Amazônica. Esta é a finalidade da 3ª edição do Congresso de Diversidade Microbiana da Amazônia (CDMICRO), promovido por pesquisadores do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Universidades Federal do Amazonas (Ufam) e do Estado do Amazonas (UEA). O evento iniciou no domingo (5/12), em Manaus, no Centro de Convenções do Studio 5, com a conferência The biogeography of microorganisms, proferida por Brendan Bohannan, da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, e se estendeu até esta quarta-feira (8/12).

 O evento teve a participação de 51 palestrantes, que abordaram temas relacionados aos eixos temáticos microbiologia médica, ambiental, de alimentos e industrial

 O evento teve a participação de 51 palestrantes, que abordaram temas relacionados aos eixos temáticos microbiologia médica, ambiental, de alimentos e industrial


A solenidade de abertura deste evento contou com a participação de Ormezinda Fernandes, coordenadora da 3ª edição do CDMICRO; de Wilson Alecrim, secretário estadual da Saúde; Irma Nelly Rivera, embaixadora do Brasil na Sociedade Americana de Microbiologia (ASM); Adalberto Pessoa Júnior, presidente da Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBM); Luiz Antônio de Oliveira, representante do Inpa; Luciana Leomil, representante da UEA; e Raquel Borges Maroni, representante da Ufam.


Segundo o secretário de Saúde do Amazonas, Wilson Alecrim, a importância em apoiar as pesquisas científicas está em conhecer o potencial que temos na Amazônia, ao mesmo tempo em que mostra como conviver com as diferentes espécies sem conflitos. O pesquisador do Inpa Luiz Oliveira destacou a importância em compartilhar estudos em congressos científicos, como o CDMICRO, por tornar público conhecimentos que beneficiam toda a sociedade. No caso das pesquisas com bactérias, afirmou que estas podem ser necessárias para bioremediar problemas ambientais como, por exemplo, a contaminação do solo por petróleo.


Vigilância epidemiológica


A malária foi um dos temas abordados na mesa-redonda Vigilância epidemiológica. Nesta, o pesquisador Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), destacou alguns pontos que precisam ser observados nas ações estratégicas de vigilância em saúde, para controle de doenças como a malária. Dentre eles está o processo migratório de pessoas que tem levado para áreas urbanas doenças comuns no meio rural, gerando mudanças de cenários. Segundo Lacerda, Manaus é um lugar que favorece a proliferação de doenças infecciosas pelo grande fluxo de pessoas, devido à diversidade genética que possuem, aos hábitos, aos lugares que já percorreram, dentre outros fatores. Explicou que a urbanização desordenada de Manaus influencia muito no número de casos de infecção pelo plasmódio da malária, principalmente nas áreas ruderais (alteradas pelo homem), área intermediária entre a cidade e a zona rural, localizada às margens da capital do Amazonas.


Ressaltou que, o impacto social de doenças como a malária, não tem sido considerados, embora sejam importantes, pois chegam a afetar o rendimento escolar de crianças e condições de vida de comunidades, por exemplo. Sua explanação contou com muitos relatos sobre as internações de doentes no Hospital da Fundação de Medicina Tropical, nos quais foi possível exemplificar as situações de contaminação, de tratamento, de qualidade de vida dos pacientes. Ao final apresentou a necessidade de um efetivo controle das doenças infecciosas no município de Iranduba que poderão ser proliferadas com a construção da ponte Manaus-Iranduba, visto que esta facilitará o fluxo de pessoas e, consequentemente, de doenças. Finalizou citando o exemplo de controle da malária na base petrolífera da Petrobras em Urucu, que está localizada no meio da floresta amazônica e não possui casos da doença. Afirmou que quando há empenho em determinadas causas, é possível colocar em práticas ações de controle eficientes.


Avanços na virologia – hepatite C


A Infecção viral pelo hepatite C foi outro tema abordado no segundo dia do evento, durante a mesa redonda Avanços na virologia. Adriana Malheiros, pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas, ao apresentar a doença, afirmou que, para o controle, há uma série de dificuldades tais como a escassez de modelos de estudos, a baixa eficiência nos tratamentos existentes e a falta de uma vacina. Afirmou que no mundo há cerca de 170 milhões de pessoas infectadas, tendo uma taxa de incidência cinco vezes maior que o HIV, sendo o vírus um dos maiores causadores de hepatites crônicas e de cirroses. Afirmou que o risco de transmissão é maior pelo compartilhamento de agulhas por usuários de drogas. Trata-se de um vírus suscetível a mutações, cuja infecção aguda pode durar de cinco a seis semanas e a crônica permanece por mais de seis meses. Também destacou que o Amazonas pode ser uma porta de entrada da doença na Região Norte em virtude do grande fluxo de pessoas e que é necessário evoluir no tratamento para ajudar a evitar a proliferação desta doença.


Gastroenterites por rotavírus


Também foi convidado para a mesa-redonda Avanços na virologia Eduardo de Mello, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que discorreu sobre a vigilância e o controle das gastroenterites por rotavírus. Segundo Mello, as regiões menos desenvolvidas (America do Sul, África e Ásia) são as mais afetadas pelo rotavírus, acometendo, de forma mais grave, as crianças. Sua transmissão se dá por via oral pelo consumo de água e de alimentos oriundos das superfícies contaminadas por fezes. Relatou que também ocorre em áreas mais desenvolvidas pois a melhoria das condições sanitárias não diminuem a sua incidência, mas contribui para que não ocorra casos mais graves. É um vírus facilmente adaptado em diferentes ambientes, fato este que é necessário levar em conta para estudos para a criação de vacinas. Por fim, afirmou que é necessário trabalhar na prevenção e na imunização eficaz para evitar epidemias como a que ocorreu em 2005, na Amazônia, durante a intensa seca.


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Controle de qualidade de alimentos amazônicos é apresentado no CDMICRO 2010


Publicado em 8/12/2010.

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