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09/11/2007

Experiência cubana pioneira será discutida em congresso de vacinas no Rio

Fernanda Marques


A bem-sucedida experiência cubana que levou ao desenvolvimento de uma vacina sintética contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib) será apresentada no Rio de Janeiro, de 11 a 14 de novembro, durante a 8ª reunião anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês). A bactéria Hib causa meningite e pneumonia, principalmente, em crianças menores de 5 anos. Primeira do gênero no mundo, a vacina conjugada é composta por um polissacarídeo da bactéria, quimicamente sintetizado, e uma proteína carreadora.


O diretor do Centro de Antígenos Sintéticos da Universidade de Havana, Vicente Vérez-Bencomo, que coordenou o trabalho, participará da reunião, promovida pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fiocruz e pela Fundação Butantan. O desenvolvimento da vacina, já produzida em Cuba, começou em 1989 e envolveu mais de 300 pesquisadores de diferentes instituições daquele país, além de profissionais do Canadá.


Especialistas atribuem à vacina sintética uma série de vantagens, como produção mais simples, maior pureza e menor custo. Em julho de 2004 o grupo publicou na prestigiada revista americana Science um artigo que descrevia a síntese em larga escala, o desenvolvimento farmacêutico e a avaliação clínica do novo produto. Os testes em humanos começaram em 1999, após os bons resultados das análises toxicológicas em coelhos.


Os primeiros ensaios foram realizados com adultos. Em seguida, vieram os testes com crianças entre quatro e cinco anos de idade. Por fim, a vacina sintética foi avaliada em bebês de dois meses, acompanhados até completarem um ano e meio. Os resultados desses estudos clínicos foram conclusivos: quase 100% das crianças desenvolveram anticorpos contra a bactéria de forma satisfatória, demonstrando a segurança e a eficácia da vacina.


Introduzida nos anos 90, a vacina contra Hib produzida por meio da tecnologia clássica teve muito sucesso na redução do número de casos de doença causada pelo microrganismo, sobretudo nos países desenvolvidos. Segundo o artigo da Science, hoje há poucos casos nos países industrializados, porém o número de óbitos associados à bactéria ainda é muito elevado nos países em desenvolvimento: 600 mil por ano.

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