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23/01/2008

Exposição ao amianto em casa

Catarina Chagas e Fernanda Marques


O elevado número de óbitos é conseqüência de uma história que se iniciou na década de 60. Naquela época, a produção anual de amianto no Brasil era de 5 mil toneladas, mas, a partir de 1967, com a descoberta da mina em Minaçu (GO) – a maior do Brasil e única em atividade atualmente – esse número começou a crescer, atingindo 250 mil nas décadas de 80 e 90. Embora a produção esteja em queda – hoje são 200 mil toneladas ao ano, por causa dos movimentos sociais pelo banimento do amianto –, a tendência é que o número de óbitos associados ao amianto cresça nos próximos anos. “Da exposição à substância ao aparecimento do mesotelioma podem se passar entre dez e 60 anos”, explica Pedra. “Por causa disso, é provável que quem já foi exposto ou está sendo agora venha a apresentar a doença no futuro, o que exige que os serviços de saúde se preparem para identificar e tratar esses casos”.


Estima-se que de 15 a 20 mil trabalhadores brasileiros estejam hoje diretamente expostos ao amianto na mineração e nas indústrias. Para cada um desses operários, calcula-se que outros cinco sofram exposição indireta, como os empregados da construção civil que inalam poeira enquanto serram telhas. Porém, o número pode ser ainda maior, quando se considera a rapidez com que esses trabalhadores são contratados e demitidos e o fato de que eles levam os uniformes empoeirados para casa, o que expõe seus familiares. Soma-se a isso a exposição ambiental difusa, categoria na qual se enquadram, por exemplo, os moradores de casas com telhas ou caixas d’água feitas de amianto.


“O grau de risco é diferenciado”, pondera Castro. “Com certeza, o trabalhador sofre um risco bem maior, mas o indivíduo ambientalmente exposto também pode desenvolver um câncer por causa do amianto, até porque não existe dose segura de exposição ao material”, alerta. Telhas e caixas d’água, seguidas de longe pelas pastilhas de freio de automóveis, são os principais produtos fabricados no país com amianto, mas a substância entra na composição de cerca de 3 mil produtos em todo o mundo, como portas antichama e uniformes de bombeiros. Devido à sua toxicidade, telhas quebradas e outros produtos que contêm amianto não podem ser descartados no lixo comum, segundo a Resolução 348 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

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