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25/09/2019

Exposição celebra encontro entre ciência e arte

Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)


Curiosidade, criatividade e disciplina são algumas das características em comum entre cientistas e artistas. Um projeto de extensão desenvolvido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ) buscou estreitar ainda mais os laços entre estes profissionais que, num primeiro momento, parecem bem diferentes. Ao longo de um semestre, estudantes de graduação da EBA acompanharam a rotina de atividades de pesquisa desenvolvidas nos Laboratórios do IOC/Fiocruz. A imersão tinha como objetivo uma proposta engenhosa: a transformação da vivência e do conhecimento adquirido em objeto de expressão artística.

A mostra reúne desenhos, pinturas, montagens e instalações que representam o encontro entre ciência e arte (foto: Gutemberg Brito, IOC/Fiocruz)

 

O resultado dessa experiência pode ser conferido na exposição O Espetáculo das Coisas. A mostra reúne desenhos, pinturas, montagens e instalações, criados por dez estudantes, que representam o encontro entre a ciência e a arte. A exposição permanece em cartaz até o dia 11 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, no Centro Cultural Light, no Rio de Janeiro (Av. Marechal Floriano, 168, Centro). A entrada é gratuita.

O projeto foi idealizado pela pesquisadora do IOC Tania Araújo-Jorge, chefe do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC/Fiocruz e coordenadora do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Ensino em Biociências e Saúde, do IOC, e pela diretora de Extensão da Escola de Belas Artes da UFRJ, Dalila Santos. “Há 20 anos, temos uma linha de pesquisa em ciência e arte no IOC que busca a convergência de métodos, processos e abordagens científicas e artísticas sobre determinados temas. As relações entre ciência e arte são sempre interdisciplinares, por isso, trabalhamos com equipes de profissionais formados nas mais diversas origens – médicos, biólogos, engenheiros, antropólogos, museólogos. Faltava uma entrada ativa de artistas nos nossos laboratórios e a parceria com a UFRJ permitiu esse diálogo, uma iniciativa inédita no Brasil”, destacou Tania.

“Em momentos difíceis, sob vários aspectos, como social, econômico e político, a cultura se faz, mais do que nunca, muito importante. Enquanto pesquisadores, ao fazer ciência, também estamos fazendo um pouco de arte e cultura. Em uma microscopia eletrônica, ao observar uma célula ou uma resposta imunológica, há inúmeras possibilidades a serem exploradas. Se por um lado esse projeto apresentou um mundo novo aos estudantes, por outro também revelou um mundo novo para nós cientistas em termos de arte”, complementou o diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite, na cerimônia de abertura (17/9).

Encontro entre dois mundos

A ilustração digital produzida pelo estudante de comunicação visual design da EBA, Eric Bernardo, é um dos trabalhos que fazem parte da mostra. Intitulado Doenças evidenciadas, o quadro faz referência à doença de Chagas, agravo considerado negligenciado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que afeta cerca de 8 milhões de pessoas no mundo. O estudante acompanhou a rotina de atividades do Laboratório de Biologia Celular do IOC, que desenvolve pesquisas relacionadas à interação entre tripanossomatídeos e hospedeiros e de quimioterapia experimental para descoberta de novos fármacos.

“Tive contato com diversos métodos científicos que nunca imaginei que vivenciaria. Além disso, aprendi muito sobre doenças negligenciadas, tema que perpassa todas as atividades do laboratório. Na obra, procurei evidenciar a realidade e sintomatologia da doença de Chagas, retratada na figura de um diretor executivo de uma grande empresa farmacêutica”, explica o estudante, que contou com a orientação da pesquisadora Maria de Nazaré Soeiro, do chefe do laboratório.

Você enxerga o cimicídeo?, indaga a instalação criada pela estudante de licenciatura em educação artística, Naiara Bellini. A obra interativa construída com fio de neon colado sobre chapa de madeira representa aspectos do inseto conhecido popularmente como percevejo de cama. “A nossa preocupação era desenvolver um trabalho que tivesse um viés de alerta e ao mesmo tempo educacional. O fio de neon sobre a chapa de madeira preta é como se fosse um sinal de ‘atenção’ e a ideia da união da luminosidade com o preto da chapa é de que o cimicídeo está saindo da escuridão, que é o desconhecimento em relação ao inseto”, explicou Naiara. As atividades foram orientadas pela pesquisadora Teresa Cristina Monte Gonçalves, do Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Díptera e Hemíptera do IOC.

A mostra, que integra os eventos comemorativos pelos 15 anos da Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde, também faz parte do projeto de extensão Curto Circuito: Arte, Ciência e Inovação, da Escola de Belas Artes em parceria com o Parque Tecnológico da UFRJ. A iniciativa contou com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ e da Light.

Serviço:
Exposição ‘O Espetáculo das Coisas’
Local: Centro Cultural Light (Grande Galeria)
Endereço: Av. Marechal Floriano, 168, Centro, Rio de Janeiro
Horários: 9h às 19h (segunda a sexta-feira)
Entrada gratuita

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