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22/08/2008

Famílias chefiadas por idosos ou mulheres estão entre as mais vulneráveis

Fernanda Marques


Pesquisadores da Fiocruz realizaram um estudo com os objetivos de consolidar informações sobre as famílias brasileiras, identificar grupos sociais mais vulneráveis e gerar subsídios para políticas públicas que garantam maior eqüidade em saúde. Para isso, adaptaram o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), que é composto por seis dimensões: situação de vulnerabilidade, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infanto-juvenil e condições habitacionais. Aplicado a 21 municípios do Rio de Janeiro, o IDF adaptado mostrou que a condição das famílias era aceitável apenas nessas duas últimas dimensões. Nas outras quatro, a situação era grave ou muito grave.


 Pesquisadores da Fiocruz adaptaram o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) e o aplicaram a 21 municípios do Rio de Janeiro (Foto: Rogério Reis)

Pesquisadores da Fiocruz adaptaram o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) e o aplicaram a 21 municípios do Rio de Janeiro (Foto: Rogério Reis)





Criado por uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o IDF varia de zero a um, onde zero representa a pior condição e um, a melhor. “O IDF original é constituído por seis dimensões, 26 componentes e 48 indicadores. No IDF adaptado, mantiveram-se as seis dimensões propostas, com pequenos ajustes na conceituação das mesmas. Reduziu-se para 22 o número de componentes e ampliaram-se para 53 os indicadores”, explicam os pesquisadores Alberto Najar, Tatiana Baptista e Carla de Andrade, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, em artigo publicado recentemente no periódico Cadernos de Saúde Pública



Para o cálculo do IDF adaptado, a equipe da Fiocruz utilizou dados do Censo Demográfico 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando-se os 21 municípios estudados, as dimensões disponibilidade de recursos e acesso ao trabalho tiveram as médias mais críticas: 0,42 e 0,48, respectivamente. O IDF adaptado geral, que engloba as seis dimensões investigadas, atingiu uma média de 0,60, sendo que somente quatro municípios ficaram acima dessa média: Niterói (0,67), Rio de Janeiro (0,63), Macaé (0,61) e Resende (0,61). O pior índice foi obtido pelos municípios de Belford Roxo, Itaboraí e Queimados, todos três com 0,55.



No artigo, os pesquisadores apresentam o IDF adaptado como uma proposta para o monitoramento e a avaliação do Programa Saúde da Família (PSF). De acordo com os autores, esse índice sintetiza a forma como se expressam nas famílias as dimensões da pobreza. Esta é entendida pelos pesquisadores como “uma síndrome multidimensional de carências diversas – de saúde, de educação, de habitação, de saneamento, de lazer, de nutrição etc”.



O artigo também apresenta o cálculo do IDF adaptado segundo grupos sociais. “Os grupos mais vulneráveis são aqueles formados por famílias cujos chefes têm mais de 65 anos de idade e por famílias cujos chefes são mulheres”, afirmam os autores. Para as famílias chefiadas por idosos, o IDF adaptado médio foi de 0,51. Já para as famílias chefiadas por mulheres, foi de 0,54. A intenção dos pesquisadores é que tais resultados sirvam para a implementação de políticas de proteção social direcionadas a esses grupos mais sensíveis. Contudo, os autores ponderam que “as observações e análises realizadas estão referidas a um ano, o que pode apenas possibilitar um retrato da realidade, mas não uma comparação ou mesmo qualificação de valor sobre a situação em que se encontram as famílias”.


Para a ler a íntegra do artigo, clique aqui.


Publicado em 22/08/2008

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