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29/02/2008

Farmacêuticos alertam para a compra de medicamentos falsificados

Isis Breves


A imprensa vem noticiando o aumento da venda de remédios duvidosos por camelôs e algumas farmácias no Rio de Janeiro, o que traz um grande risco para a saúde pública. A falsificação de medicamentos é descrita como crime hediondo pela Lei nº 8.072/90. Para falar sobre o assunto, a Agência Fiocruz de Notícias (AFN) entrevistou os farmacêuticos Gilberto Marcelo Sperandio e Lusiele Guaraldo, ambos do Serviço de Farmácia do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) da Fiocruz.


 Lusiele: A primeira checagem deve ser feita na embalagem do produto

Lusiele: A primeira checagem deve ser feita na embalagem do produto


AFN: Que riscos uma pessoa corre ao fazer uso de um medicamento falsificado?

 

Lusiele Guaraldo:
Os riscos são grandes, desde a piora do estado clínico do indivíduo, porque o medicamento utilizado não contém o princípio ativo para o tratamento, até uma intoxicação ou o aparecimento de reações adversas por estar se fazendo uso de uma composição desconhecida.



AFN: Como a população pode identificar que o remédio é falsificado?


Lusiele: A primeira checagem deve ser feita na embalagem do produto. O consumidor deve checar a validade, o lote de fabricação, o registro no Ministério da Saúde e o nome do farmacêutico responsável pelo remédio e seu número de registro no Conselho Regional de Farmácia (CRF). Além disso, observar a qualidade da embalagem, se as cores são as habituais daquele produto, se não está com a impressão borrada, se está  íntegro, pois todo medicamento tem um lacre. E deve ser observado se o lacre não foi danificado. Há alguns medicamentos que têm uma identificação que para ser visualizada precisa de uma raspagem com algum objeto de metal, o que dificulta a falsificação.



Gilberto Marcelo Sperandio: Uma dica é molhar as pontas dos dedos e esfregar na embalagem para verificar se está soltando tinta. Isso porque existe uma norma técnica para manter um padrão de qualidade exigida nas embalagens de medicamentos.


Lusiele: O comprador também deve perceber se a bula que vem dentro da embalagem é original, se não é uma cópia feita para ser inserida no produto falsificado. E verificar se houve qualquer modificação física no remédio, a respeito de cor, odor, sabor. Quando o usuário é um paciente crônico, ou seja, que faz uso do remédio por um longo tempo, ele conhece o gosto, a cor, o cheiro. Mas, quando será feito uso pela primeira vez, é melhor esclarecer qualquer dúvida com o farmacêutico responsável pela farmácia.



Gilberto: É bom lembrar que é exigido por lei que toda farmácia ou drogaria tenha um farmacêutico na loja como responsável técnico para justamente dar assistência farmacêutica ao consumidor. Por isso, na dúvida, fale com o farmacêutico de plantão. Toda indústria farmacêutica conta com um telefone de SAC para qualquer dúvida. E, claro, só se deve tomar remédio com prescrição médica. A maneira imediata de se comprovar a qualidade do medicamento é solicitar a nota fiscal para o estabelecimento da venda. O camelô não terá e a farmácia que vender falsificado também não. Pois pela nota fiscal é possível rastrear a procedência do produto final.


AFN: Quais são os mais falsificados e onde estão sendo vendidos?


Gilberto: São os medicamentos para disfunção erétil, os anorexígenos, os de venda livre, como a dipirona, e os de venda controlada, como os psicotrópicos.


AFN: A senhora pode explicar como funciona a logística de um medicamento, ou seja, que caminho o produto percorre até chegar à venda nas farmácias?


Lusiele: O medicamento é produzido por um laboratório farmacêutico que vende os produtos para uma distribuidora ou até mesmo faz venda direta para a farmácia. O que temos que entender é que são exigidos por norma, para manter a qualidade do remédio, um armazenamento e transporte em temperatura e umidade ideal. E todo esse processo de venda, quando é feito na legalidade, gera notas fiscais e são cumpridas às exigências das vigilâncias sanitárias. Por isso, exigir a nota fiscal garante a procedência do produto final.


AFN: Para concluir, onde a população pode denunciar a venda desses produtos e obter mais informações?


Gilberto: O cidadão pode fazer uma denúncia nas vigilâncias sanitárias estaduais ou municipais ou até mesmo nas delegacias de repressão aos crimes contra a saúde pública da Polícia Civil. Para obter mais informações há o Disque Saúde (0800 61 1997) e o Disque Medicamento (0800 644 0644), ambos do Ministério da Saúde. Na internet, o site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, que pode ser acessado aqui) tem todas as orientações sobre medicamento falsificado. Quando um medicamento estiver com o preço muito inferior ao que é comercializado, desconfie. O barato pode sair caro para a saúde.

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