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30/11/2012

Farmanguinhos/Fiocruz na luta contra a Aids

Danielle Monteiro e Alexandre Matos


Desde 2008, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) participa da política de acesso universal aos antirretrovirais adotada pelo governo brasileiro. A unidade produz sete dos 23 medicamentos que compõem o coquetel antiaids. Para ampliar ainda mais o acesso a esses medicamentos e produzir a tecnologia de novas formulações, Farmanguinhos é um dos participantes das Parcerias de Desenvolvimento Produtivo (PDP), do governo federal. Sua participação na PDP permitiu a transferência de tecnologia para a produção do Sulfato de Atazanavir no país, oficializada nesta sexta-feira (30) com assinatura do Ministério da Saúde, na Fiocruz.


 O Brasil doou aproximadamente R$ 13 milhões em equipamentos e deve cumprir um investimento total de cerca de R$ 40 milhões para a transferência de tecnologia dos medicamentos até 2014.

O Brasil doou aproximadamente R$ 13 milhões em equipamentos e deve cumprir um investimento total de cerca de R$ 40 milhões para a transferência de tecnologia dos medicamentos até 2014.





O medicamento, cuja tecnologia será transferida para Farmanguinhos pelo laboratório internacional Bristol-Myers Squibb, é utilizado na composição de esquemas terapêuticos para o tratamento de pacientes com infecção por HIV/Aids. Com a parceria, o Brasil deve ter uma redução de 41% nos gastos com o antirretroviral, o qual, atualmente, é utilizado por cerca de 45 mil pessoas. O medicamento começará a ser distribuído com embalagem de Farmanguinhos a partir de 2013 e a produção com a tecnologia nacional terá início em 2015. “Esta parceria se reveste de ampla relevância tanto pelo aspecto econômico e tecnológico como pelo fato de ampliar nossa autonomia de produção de um medicamento muito importante para o tratamento da Aids”, afirma o diretor de Farmanguinhos, Hayne Felipe da Silva. Outro fruto da participação da unidade nas Parcerias de Desenvolvimento Produtivo foi a assinatura de acordo, firmado pelo Ministério da Saúde em outubro deste ano, para a incorporação de tecnologias para a produção nacional de quatro antirretrovirais em dose fixa combinada: Lopinavir 200 mg + Ritonavir 50 mg; Lopinavir 100 mg + Ritonavir 25 mg; Tenofovir 300 mg + Lamivudina 300 mg + Efavirenz 600 mg (3 em 1) e o Tenofovir 300 mg + Lamivudina 300 mg (2 em 1).



A atuação de Farmanguinhos no combate à Aids não se limita ao território nacional. Em julho deste ano, por meio de transferência de tecnologia feita pela unidade, a Fábrica de Antirretrovirais e Outros Medicamentos em Moçambique - oficialmente denominada Sociedade Moçambicana de Medicamentos S.A (SMM) – entrou em operação. A nova fábrica, primeira empresa de capital 100% público do segmento no continente africano, produzirá 226 milhões de unidades de antirretrovirais por ano, beneficiando cerca de 2,7 milhões de pessoas infectadas com HIV/Aids em Moçambique.



Segundo a chefe de gabinete de Farmanguinhos e coordenadora do projeto, Lícia de Oliveira, a parceria com Moçambique ampliará o acesso da população local aos medicamentos, uma vez que vai contribuir para a autossuficiência do país na produção dos fármacos e assegurar sua capacidade de oferta. “O Laboratório de Controle de Qualidade da fábrica poderá atuar como suporte à política de assistência farmacêutica de Moçambique realizando análises também de outros medicamentos utilizados em território nacional para a identificação de sua qualidade. Isso vai trazer benefícios ao país que, como tantos outros, sofre com a falsificação e pirataria de medicamentos e tem dificuldades de checar a qualidade do que é comercializado ou distribuído localmente”, afirma. Além dos antirretrovirais, serão produzidos anti-inflamatórios, medicamentos para combate à hipertensão e ao diabetes tipo 2, entre outros.



Farmanguinhos ainda atua na produção de antirretrovirais voltada ao público infantil. O instituto desenvolve um antirretroviral que associa três princípios ativos (Lamivudina 30mg + Zidovudina 60mg + Nevirapina 50mg), estrategicamente elaborado de forma a disfarçar o gosto amargo dos três fármacos. O desenvolvimento do medicamento atende à política da Organização Mundial da Saúde (OMS) de estimular o estudo de formulações de fármacos mais adequados para as crianças.


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Publicado em 30/11/2012.

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