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29/01/2007

Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada

Luísa Lima






A febre amarela, doença debelada por Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro do início do século 20, possibilitando a abertura do porto da cidade, e sua vacina, que há 70 anos, ou seja, desde 1937, é produzida no campus de Manguinhos, são os objetos de uma história inacabada e complexa. Esta saga é narrada desde "os primórdios das ações de combate à febre amarela nos principais núcleos urbanos à aventura da produção da vacina, aos desafios enfrentados hoje com as novas e inquietantes manifestações da doença", como anuncia na orelha do livro Febre amarela: a doença e vacina, uma história inacabada, a historiadora Nísia Trindade Lima.




Em comemoração aos seus 25 anos, Biomanguinhos (unidade da Fiocruz que produz e desenvolve vacinas e kits para diagnóstico) convidou a Casa de Oswaldo Cruz para executar a tarefa. Jaime Larry Benchimol abraçou o projeto como pesquisador responsável pela extensa e rica obra editada, cuja publicação, segundo ele, só foi possível devido à "quase perfeita sinergia" de sua equipe e à paciência dos cientistas consultores.










Vacinação na Fazenda Pedra Preta, em Três Pontas (MG), em 15 de agosto de 1937


A obra "sistematiza o esforço realizado no país para obter o controle da febre amarela", resume Akira Homma, diretor de Biomanguinhos e importante consultor da pesquisa. Além de dar um panorama da saúde pública no século 20, o livro exibe, de forma compreensível até para leigos, o processo de produção da vacina e a arqueologia de sua técnica.


Seus quatro capítulos, Manguinhos, Fundação Rockefeller, A vacina e Biomanguinhos, contemplam diferentes problemas e períodos, destacando a etiologia e a transmissão da doença; a importância da consolidação do Instituto Oswaldo Cruz; o programa de erradicação mundial da febre amarela, arquitetado pela Fundação Rockefeller, que em 1937 incorporou ao campus de Manguinhos o laboratório produtor da vacina; o impacto da descoberta da etiologia viral e da modalidade silvestre da doença, bem como a erradicação do Aedes aegypti nos anos 50.










Desenho de época da fêmea do Aedes aegypti, antes chamado de Stegomyia fasciata


O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Biomanguinhos mereceu um capítulo completo, no qual busca-se capturar as relações da antiamarilíca com outras vacinas, a inserção de Biomanguinhos na Fiocruz e o papel da instituição nos grandes programas nacionais e internacionais de imunização.


Segundo Benchimol - que já publicou um livro sobre a febre amarela na era pré-vacina, Dos micróbios aos mosquitos, em 1999 -, ao iniciar o trabalho em agosto de 2000, ele e sua equipe não imaginavam que a vacina ia render tanto: "Terminamos a preparação deste livro conhecendo muito melhor a vacina e tendo sobre ela a imagem de um artefato biológico com uma história extraordinária ainda palpitante, inacabada...".

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