Agência Fiocruz de Notícias

Com a chegada do Carnaval os foliões se aglomeram nas ruas, nos bailes e nas quadras das escolas de samba. A combinação de calor, multidão e álcool, tão comum nesta época do ano, já faz parte da festa brasileira, mas pode causar transtornos à saúde. Para que a farra não se transforme em um desastre, o médico Antônio Sérgio Fonseca, da Escola de Saúde Pública da Fiocruz, separou algumas dicas que podem melhorar os dias de folia. Para ele, o maior risco durante o Carnaval é o excesso de bebida alcoólica. "O abuso de álcool pode aumentar o número de acidentes, sejam eles de trânsito ou provocados por brigas", diz o médico. "Minha recomendação é sempre beber pouco, se possível não beber".

Apesar da recomendação, a ingestão de álcool costuma ser maior nessa época. Para aqueles que beberam demais, o dia seguinte é marcado pela ressaca. Segundo Fonseca, uma boa dica para os que sofrem dessa sensação indesejada é repor as horas de sono. "É preciso dar um tempo para o organismo se reconstituir, e isso é melhor durante o sono, porque o organismo consome menos energia", explica.

Além disso, o médico diz que é preciso beber muita água. "Qualquer bebida alcoólica veicula calor para o corpo, e isso ocasiona a desidratação. Mesmo a cerveja, que muitos acreditam que refresca", afirma. Segundo ele, é importante equilibrar a ingestão de álcool e de líquidos não alcoólicos. No caso da ressaca, a dica é se hidratar com muita água. "A água de coco também é muito eficiente, porque ela possui água, açúcar, sódio e potássio, ou seja, tudo o que a pessoa perdeu com a bebedeira, suor e vômito", acrescenta.

Desidratação

A água não é só importante para "curar a ressaca", ela também evita a desidratação. "O Carnaval ocorre em uma época de calor. Por isso, aquele folião que pretende acompanhar o trio elétrico, o bloco ou a escola de samba deve estar sempre com uma garrafinha de água nas mãos", diz. "A mãe também deve estar atenta a seu filho, dando-lhe líquidos constantemente", completa.

Outra dica importante é em relação à alimentação. Para o médico, deve-se comer alimentos leves (ideais para dias quentes) e carboidratos (massas e frutas), para repor energia. O cuidado ao fantasiar-se também é essencial. "As pessoas devem evitar fantasias calorentas e pesadas, as roupas devem ser claras e leves. Durante o dia a dica é proteger o couro cabeludo", comenta. Para ele, as mulheres devem dispensar o salto alto. "Além do desconforto, ela corre o risco de sofrer uma torção, ou uma fratura de tíbia. A opção de sandália baixa é excelente".

Cuidados gerais

E o que falar sobre o barulho excessivo de trio elétrico, bateria e caixa de som? Segundo o médico, já existe um risco calculado em relação ao adulto, porque ele sabe que isso pode prejudicar a audição, dar dor de ouvido etc. "A dica, então, é ficar afastado das caixas de som. Principalmente quem tem criança pequena".

Fonseca acredita que o Carnaval é mais um momento para ressaltar a prevenção, mas o risco é comum para todo o ano. Ele lembra do uso da camisinha, do cuidado com o sol e do combate ao dengue. "A camisinha deve ser usada sempre. Por isso, é bom mantê-la constantemente por perto", explica.

Para ele, como nessa época é comum a pessoa se expor mais ao sol, o uso de filtro solar é essencial para evitar riscos maiores, como o câncer de pele. Outra recomendação é para aquelas pessoas que vão para fora do Rio de Janeiro. "Quem vai para outros ambientes deve alertar sobre a prevenção contra a dengue, que já vem sendo muito divulgada na cidade", lembra.

Segundo o médico, a recomendação fundamental é lembrar que o Carnaval é uma festa. "A pessoa deve estar aberta para comemorar, festejar e se divertir. A atividade de lazer e relaxamento está profundamente ligada à saúde, por isso, todos devem entrar no clima da festa".