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12/08/2013

Filme sobre doença negligenciada no Brasil é apresentado em congresso

Informe Ensp


Paracoco: endemia brasileira é o novo filme da parceria entre três unidades da Fiocruz: a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), o Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec) e o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict). A produção busca abordar a doença (também conhecida como paracoco, pcm, pbmicose, micose do capim) por meio da linguagem audiovisual direcionada a um público amplo. A micose é endêmica no continente americano e negligenciada. O documentário, em fase de pré-lançamento, foi apresentado nesta sexta-feira (9/8) no 49º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, em Campo Grande.

Caso de paracoccidioidomicose cerebral, com abundantes parasitas em meio a material necrótico. Acima, o característico brotamento múltiplo em cabeça de Mickey.
 
 

Segundo Ziadir Coutinho, pesquisador da Ensp e um dos organizadores do filme, a produção é um projeto contemplado por edital de apoio, promovido pela Cooperação Social da Presidência da Fiocruz e, em breve, estará disponível para todos os interessados. Serão produzidas 400 cópias, que serão distribuídas pela VideoSaúde - Distribuidora da Fiocruz, para instituições vinculadas ao SUS e a entidades da sociedade civil, principalmente as representativas dos trabalhadores rurais. “A paracoccidioidomicose só existe na América Latina e o Brasil detém 80% dos casos. Por conta disso, denominamos o vídeo Paracoccidioidomicose: uma endemia brasileira. A produção reúne três instituições da Fiocruz (Ensp, Ipec e Icict), e conseguimos ainda o apoio das secretarias de Saúde do Paraná e de Rondônia”, explica Coutinho.

Para a composição do conteúdo foram gravadas entrevistas com profissionais de saúde e portadores da doença, além de imagens de trabalho rural. Com 24 minutos de duração, o filme foi rodado em quatro estados do país, em diversas locações: 1) no campus da Fiocruz, que tem no Ipec um ambulatório com mais de 60 anos de experiência em tratamento da doença; 2) em Paty do Alferes (RJ) e em Botucatu (SP), dois importantes polos da doença no país; 3) na periferia de Curitiba, no Paraná – o primeiro estado a dar uma atenção especial à doença, transformando a paracoco em uma doença de notificação compulsória; 4) e em Rondônia, considerado atualmente o epicentro da micose no Brasil, com a mais alta taxa de mortalidade.

Classificada como negligenciada, a doença não é contagiosa e tem cura, mas causa graves sequelas, inclusive a morte, se não for diagnosticada e tratada precocemente. É muito mais comum em homens em idade produtiva, entre 30 e 50 anos. Em muitos casos, é confundida com a tuberculose, pois também pode apresentar-se apenas como um sintomático respiratório com tosse persistente. Alguns de seus principais sintomas são: feridas na boca, garganta e nariz; emagrecimento e fraqueza; rouquidão; falta de ar; perda dos dentes; e ínguas (caroços, gânglios) no pescoço ou na virilha.

A paracoccidioidomicose tem duas apresentações clínicas básicas, a forma tipo adulto e a forma tipo juvenil, que é mais rara. O indivíduo pode ter contato com o fungo e manifestar a doença imediatamente ou muito tempo depois, podendo ficar inativo no organismo. O fungo, contraído por meio da respiração, vive no solo das plantações. Por isso, a paracoccidioidomicose aparece principalmente entre trabalhadores rurais, marceneiros, jardineiros, tratoristas, pequeno trabalhadores rurais etc. Vale lembrar que a doença não é contagiosa, nem transmitida por alimentos ou objetos de uso pessoal.

O diagnóstico e tratamento estão disponíveis em algumas unidades da rede pública, e os medicamentos mais usados devem ser distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Os doentes também podem ter acesso ao diagnóstico e tratamento por meio do Programa de Saúde da Família. No Rio de Janeiro, o Ipec/Fiocruz é um dos centros de referência para a doença.

Paracoco: endemia brasileira
Duração: 24 minutos
Legendas em inglês e espanhol

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